Putin faz ‘adeus’ sarcástico às empresas ocidentais que abandonam a Rússia. “Tudo de bom para elas”

9 fev 2023, 20:03

Sobre as previsões de uma quebra económica na Rússia na sequência deste êxodo, o líder do Kremlin afirma que “nada na Rússia está a colapsar"

Foi com um ‘adeus’ sarcástico que Vladimir Putin se despediu das empresas estrangeiras que têm abandonado a Rússia após a invasão da Ucrânia.

"Hoje, muitas delas (marcas ocidentais), sob pressão dos seus governos, estão a abandonar o nosso mercado. Tudo de bom para elas”, disse o presidente russo esta quinta-feira, durante uma reunião com membros da Agência de Iniciativas Estratégicas, tendo de seguida acenado com a mão, num gesto de despedida.

“Estão a sofrer grandes perdas porque perderam o nosso mercado. É a sua escolha, a sua decisão”, referiu o chefe de Estado.

Putin afirmou saber “em primeira mão” que algumas empresas “não gostaram” de ter abandonado o mercado russo. “Quem quer perder negócios bem estabelecidos em que investe dinheiro e esforço? E nem sequer se trata de dinheiro: muitas pessoas puseram o seu coração, digamos abertamente, trabalharam arduamente. Mas sob pressão dos seus governos, estão a ser forçados a partir, deixando para trás uma herança bastante decente: infraestruturas de produção, pessoal bem treinado", analisou.

Sobre as previsões de uma quebra económica na Rússia na sequência deste êxodo, o líder do Kremlin afirmou que “nada na Rússia está a colapsar". 

"Alguém deve ter pensado que tudo iria desmoronar-se aqui na Rússia. As nossas empresas e empresários estão a comprar estas empresas, e mesmo setores inteiros, e continuam este trabalho com muito sucesso."

No entanto, de acordo com dados da Universidade de St.Gallen, na Suíça, não foram assim tantas as empresas a abandonar totalmente a Rússia. Citado pela CNBC, o estudo documentou 2.405 subsidiárias detidas por 1.404 empresas da União Europeia e dos países do G7 que operavam na Rússia no momento da invasão, e concluiu que apenas 9% dessas empresas alienaram, pelo menos, uma dessas subsidiárias.

Das empresas que permaneceram no país, 19,5% são alemãs, 12,4% são americanas e 7% são multinacionais japonesas.

Os investigadores responsáveis pelo estudo, Simon Evenett e Niccolo Pisani, afirmam também que as saídas confirmadas representam “6,5% do lucro total antes de impostos de todas as empresas da UE e do G7 com operações comerciais ativas na Rússia, 8,6% dos ativos totais, 10,4% das receitas operacionais, e 15,3% do total de empregados”.

"Estes resultados significam que, em média, as empresas que saem tendem a ter uma rentabilidade mais baixa e uma força de trabalho maior do que as empresas que permanecem na Rússia", escrevem os autores, citados pela CNBC.

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