Do lado da Rússia está tudo pronto para uma terceira ronda de negociações com a Ucrânia, garante o presidente, que até admite levar um memorando a Istambul. Tudo isto num cenário em que o próprio Putin começa a admitir algumas consequências económicas da guerra
Não há ameaça nenhuma e está tudo bem. Esta é a garantia dada pelo presidente da Rússia, que voltou a tentar mostrar que não é pelo seu lado que a guerra na Ucrânia não acaba, mesmo que pareça ter feito poucos esforços nesse sentido. E não só não há problema para a Ucrânia, como não há para a NATO, que até está, na ótica de Vladimir Putin, a fazer um investimento sem nexo.
Num discurso após a reunião da União Económica Euroasiática, que juntou vários parceiros em Minsk, capital da Bielorrússia.
De acordo com as agências russas, Vladimir Putin mostrou-se aberto a novas negociações e até a discutir um memorando de atendimento já na terceira ronda de conversações, que deve voltar a ocorrer em Istambul.
A cidade turca foi apontada pelo próprio presidente russo, até porque tem sido o local escolhido para os encontros entre as delegações de Ucrânia e Rússia.
Entre a retórica abrangente, a troca de prisioneiros de guerra tem sido uma das poucas coisas práticas a sair destas reuniões. E isso pode acontecer novamente, já que Vladimir Putin garantiu estar pronto para devolver mais três mil corpos de soldados ucranianos. Em troca, e como tem sido habitual, deverá querer um número semelhante.
“As posições russa e ucraniana são opostas, mas os contactos vão continuar”, reiterou, lembrando que a data e o local para essa terceira ronda de negociações ainda está por marcar.
De resto, e numa mensagem para a NATO, que acaba de aprovar um documento que aponta no sentido de os Estados-membros passarem a gastar 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa.
Perante essa reação, que os aliados justificaram pela continuada invasão russa da Ucrânia, Vladimir Putin afirmou que não há razões para tanto. "O aumento da despesa da NATO é baseado numa agressão russa inexistente", disse.
Ainda sobre os gastos em Defesa, e numa tirada claramente irónica, o presidente da Rússia anunciou que pretende vir a cortar os gastos militares no futuro. "A Rússia planeia cortar os gastos militares no futuro, ao contrário do Ocidente", sublinhou, antes de admitir, de um certo modo, que há consequências da guerra na economia russa.
"A Rússia pagou com inflação pelos seus gastos militares. Estamos a planear uma redução no gasto em Defesa", reiterou, já depois de dizer que o Kremlin "está a tentar lidar com desafios no orçamento militar".
É que os gastos em Defesa, como o próprio acabou por admitir, já superam os 6% do PIB, num total de 13,5 biliões de rublos (cerca de 146 mil milhões de euros).