Presidente ucraniano não apareceu na reunião com Lula: "Zelensky é maior de idade, ele sabe o que faz”

CNN Brasil , Paulo Jordão
22 mai 2023, 11:20
Lula da Silva na conferência de imprensa após a cimeira do G7, em Hiroshima (AP)

Presidente brasileiro afirmou que, após ouvir o discurso do ucraniano, continua com "a mesma posição que estava antes" sobre a guerra

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não apareceu para o encontro bilateral com ele na cimeira do G7, em Hiroshima, no Japão. E também disse que mantém o mesmo posicionamento sobre a guerra no Leste Europeu após ouvir o ucraniano no evento. A declaração foi dada após o fim do evento, em conferência de imprensa, no domingo.

“Nós tínhamos uma entrevista bilateral com a Ucrânia às 15:00 da tarde [horário local]. Tínhamos a informação de que eles estavam atrasados e, enquanto isso, atendi o presidente do Vietname. Quando o presidente do Vietname foi embora, a Ucrânia não apareceu. Certamente, teve outro compromisso e não pôde vir aqui. Foi simplesmente isso que aconteceu”, alegou.

“Eu ouvi atentamente o discurso de Zelensky no encontro. Ele, certamente, ouviu o meu discurso atentamente no encontro. E eu continuo com a mesma posição que estava antes. Eu estou a tentar, com outros países, com a Índia, a China, a Indonésia e outros países, construir um bloco para tentar construir uma política de paz no mundo. O mundo não precisa de guerra. O mundo está a precisar de paz, de tranquilidade, para que o mundo volte a crescer para distribuir riqueza para o povo pobre”, declarou Lula.

O presidente afirmou ainda que ficou “triste e decepcionado” com a não realização do encontro com Zelensky. “Eu gostaria de me encontrar com ele e discutir o assunto. Zelensky é maior de idade, ele sabe o que faz”. “Mas não faltarão oportunidades para nós. Quando perceber que eles querem negociar, estarei pronto”, finalizou.

Lula ainda destacou que teve dez reuniões bilaterais com chefes de Estado e outras quatro com empresários japoneses donos de grandes empresas.

Críticas sobre o Conselho de Segurança

“Estou a reclamar mudanças no Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas]. Que entrem mais países da América Latina, da África, que entre o Japão, Alemanha, Índia, que entrem países importantes. A ONU de 1945 não existe mais. Ela foi criada para manter a paz no mundo, mas não tem mais autoridade para manter a paz no mundo porque são os membros do Conselho de Segurança que fazem a guerra”, criticou o presidente brasileiro.

“Se o Conselho [de Segurança da ONU] funcionasse como deveria, possivelmente não haveria a guerra da Ucrânia com a Rússia”, completou. “É preciso uma instituição séria, que tenha peso, força e autoridade política para tomar decisões que serão cumpridas”. “Há um grupo de países do Sul que quer a paz. O Norte não quer a paz”.

Meio ambiente e clima

O presidente brasileiro também destacou os compromissos do país na questão climática. E sublinhou a “autoridade moral e política” do Brasil para discutir o tema internacionalmente.

Lula voltou a cobrar que os países ricos cumpram as promessas de financiamento da preservação ambiental: “Ainda falta muito para os 100 mil milhões de dólares que eles prometeram. Mas, de qualquer forma, o Brasil vai fazer, por conta própria, aquilo que tem que fazer. Preservar a Amazónia é dever e responsabilidade do povo brasileiro. É o que o Brasil pode oferecer ao mundo, tranquilidade que a nossa Amazónia não será extinta. Quem quiser cortar árvores, plante uma floresta e corte tudo que quiser, mas, a floresta Amazónia não é de ninguém. É do povo e do planeta, embora seja território soberano do nosso país.”

Lula e a cimeira do G7

O G7 é formado pelas sete nações mais industrializadas do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Também participaram no encontro outras oito nações convidadas: Brasil, Austrália, Comores, Ilhas Cook, Índia, Indonésia, Coreia do Sul e Vietname.

Esta foi a sétima vez que Lula participou como convidado num encontro do G7. O presidente voltou a ser convidado para o G7 após 14 anos. O país foi convidado para os encontros em seis ocasiões entre 2003 e 2009, durante os primeiros governos do petista.

O governo federal afirma que a ida de Lula a mais esta reunião do grupo marca “a retomada do engajamento do Brasil com o G7 e consolidando a percepção de equilíbrio no posicionamento do país em temas sensíveis do cenário internacional”.
 

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