Xi Jinping deverá visitar a capital russa já na próxima semana. Conversa com Zelensky, a acontecer, será depois de reunião com Vladimir Putin em Moscovo
O presidente chinês Xi Jinping quer conversar com o presidente ucraniano durante um encontro virtual, provavelmente depois de se reunir com o seu homólogo russo, na próxima semana. A notícia está a ser avançada pelo The Wall Street Journal, que cita fontes próximas com conhecimento do tema e acrescenta que Xi Jinping poderá mesmo visitar alguns países europeus depois da deslocação a Moscovo, sem referir quais.
Esta segunda-feira, a agência Reuters avançou que o presidente chinês deverá deslocar-se a Moscovo na próxima semana, depois de ter sido eleito para um terceiro mandato - feito inédito em Pequim. A conversa virtual com Zelensky, a acontecer, seria um passo significativo de Xi Jinping para se afirmar como mediador de paz entre Rússia e Ucrânia, ainda que todos os esforços da China para intervir até agora tenham sido vistos com ceticismo pelos países ocidentais.
Recorde-se que Pequim apresentou mesmo um plano de paz para a guerra no primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, constituído por doze pontos. Ainda assim, este guia foi considerado ambíguo e praticamente descartado por ambas as partes: a Ucrânia levantou dúvidas sobre a neutralidade da China, Moscovo não fez mais do que saudar a contribuição dos "amigos chineses".
As movimentações de Xi Jinping, de 69 anos, depois de assegurar o terceiro mandato como chefe de Estado da China, poderão ser vistas como uma tentativa de Pequim continuar a afirmar-se como potência global contra os Estados Unidos e os seus aliados, colocando-se num lugar de superioridade, assinala o Wall Street Journal - sobretudo depois de, na semana passada, Pequim ter mediado um entendimento diplomático entre Arábia Saudita e Irão.
No mês passado, durante um evento para assinalar um ano de invasão russa, o presidente da Ucrânia revelou que esperava encontrar-se com o homólogo chinês para discutir as ideias de Pequim para terminar o conflito, acrescentando que tinha a expectativa de que a China não fornecesse armamento à Federação Russa - algo que os Estados Unidos acreditam que Xi Jinping já tenha ponderado, ainda que o regime chinês tenha sempre desmentido qualquer ação nesse sentido.
Zelensky e Xi Jinping, recorda o The Wall Street Journal, não falam desde o início da invasão russa da Ucrânia, ainda que tenham conversado ao telefone poucas semanas antes do início da guerra, por ocasião dos 30 anos das relações entre Ucrânia e China. Já com Putin, a relação de Xi Jinping tem sido diferente: no último ano, o chefe de Estado chinês e o presidente russo mantiveram videoconferências e reuniram-se várias vezes presencialmente, nomeadamente em setembro passado, no Uzbequistão, na primeira viagem internacional do presidente chinês desde o início da pandemia de covid-19.