Porque é que a Ucrânia nunca recebeu mísseis de longo alcance? O Ocidente "tem feito tudo para que este conflito se mantenha dentro das fronteiras da Ucrânia"

7 nov 2022, 13:39

"A Ucrânia só não está irremediavelmente perdida porque estão a chegar as armas de defesa antiaérea", considera o general Isidro de Morais Pereira

O major-general Isidro Pereira diz a Rússia vai continuar a atacar as centrais elétricas, de purificação de água e de gás, porque pode e porque sabe que não haverá reciprocidade da Ucrânia.

"Quer os Estados Unidos quer a Nato, quer a União Europeia, têm feito tudo para que este conflito se mantenha dentro das fronteiras da Ucrânia. Por isso é que nenhum país do dito Ocidente alargado forneceu à Ucrânia capacidade para atingir alvos na Rússia continental. Nunca foram fornecidos nem aviação da quarta e da quinta geração nem mísseis de longo alcance, e a Rússia tirou partido desta assimetria. A Rússia tem capacidade de atingir estas centrais onde se produz a energia elétrica, onde se purifica a água, onde se armazena o gás, e vai continuar a fazê-lo", afirma este especialista.

Esta foi a estratégia escolhida pelo Ocidente: "Vamos apoiar os ucranianos para se defenderem da melhor maneira possível, mas não queremos uma terceira guerra mundial." 

Sendo assim, a Rússia vai continuar a "fustigar" a Ucrânia, acredita, até porque "há notícias de um mais um carregamento de drones do Irão que terá chegado a Moscovo".  "A Ucrânia só não está irremediavelmente perdida porque estão a chegar as armas de defesa antiaérea, vindos da Itália e da França, esperemos que sejam suficientes", considera o general Isisdro de Morais Pereira.

A situação vai tornar-se ainda mais complicada, uma vez que vamos entrar no período de inverno, "onde as condições climatéricas têm grande importância, sobretudo para quem se movimenta, quem está a atacar". "As temperaturas vão baixar e o terreno vai congelar. Será muito difícil combater quando as temperaturas chegarem aos 20 graus abaixo de zero ou os ultrapassarem, o que acontece entre finais de dezembro e meados de janeiro, em determinadas regiões da Ucrânia."

De resto, o general Isidro Pereira considera que a Ucrânia não terá "muito interesse em atingir a barragem de Nova Kakhovka, provocando uma inundação, que pode atingir a faixa direita do rio Dnipro, onde as forças ucranianas vão progredindo e só não avançaram sobre a cidade de Kherson porque há suspeitas de haver um crime de perfídia", ou seja, que haja "militares, ainda em quantidade suficiente, tropas de qualidade como fuzileiros e paraquedistas, e muitos deles já trajando civilmente, procurando numa ação de engodo atrair as tropas ucranianas e provocando uma carnificina". No entanto, diz, "o  ataque final a Kherson virá a acontecer, mais tarde ou mais cedo, porque a Ucrânia tem condições para o efetuar".

Na frente Leste a Ucrânia tem feito alguns progressos e há notícia de várias rendições de soldados russos nas últimas semanas. "As forças russas que se encontram a combater não se trata de um exército uno, com unidade de doutrina e de combate, onde todos se entendem e se pautam pelo mesmo tipo de regras", sublinha o analista.

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