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Mais de 100 dias depois da invasão, Paulo Portas não tem dúvidas: "Plano A da Rússia falhou"

5 jun 2022, 21:57

Comentador considera que Severodonetsk se poderá tornar uma “pequena Mariupol”, e afirma que o Ocidente cometeu um “erro de cálculo” no plano económico

Passados mais de 100 dias desde a invasão russa da Ucrânia, Paulo Portas analisou, no Jornal das 8 da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), as consequências de uma guerra que ainda está para durar.

O comentador afirma que estamos numa situação de “impasse” e que o conflito é uma “guerra de atrição, onde cada lado procura desgastar o outro”, destacando a situação na cidade de Severodonetsk.

“Há versões completamente contraditórias sobre o que se passa na cidade logística e industrialmente importante de Severodonetsk. Pode vir a dar-se o caso de ser uma pequena Mariupol, pois há refúgios industriais para onde terão ido umas centenas de pessoas”, afirmou no espaço Global.

102 dias após o início daquilo a que Vladimir Putin designou de “operação militar especial”, Paulo Portas sublinha que o plano A do presidente russo, o de ocupar toda a Ucrânia, “falhou”, e que o plano B está a avançar “com muitos custos” para o lado do Kremlin.

O comentador da TVI destaca ainda a percentagem de território ucraniano controlado pela Rússia, cerca de 20% do total.

“Este território equivale a um terço da Alemanha. Imagine o que é a Alemanha perder um terço do seu território. É maior do que Portugal, maior que a Irlanda, maior que a República Checa e três vezes maior que a Bélgica. Não é coisa pouca”.

Governos ocidentais cometeram "erro de cálculo"

Paulo Portas considera ainda que a Rússia, para além de querer assegurar o controlo da totalidade do Donbass, quer ainda dominar as províncias de Zaporizhzhia, Kherson e Odessa, para se poder sentar à mesa das negociações com mais cartas na mão.

Sobre o fornecimento de armas à Ucrânia, o antigo vice-primeiro-ministro afirma que o presidente dos EUA Joe Biden tomou uma “boa decisão” ao enviar os sistemas de rockets de médio alcance mais avançados que o país dispõe. O envio de sistemas de mísseis terra-ar, capazes de intercetar drones e helicópteros de ataque por parte da Alemanha, também é destacado pelo comentador, que sublinha que irão “permitir prolongar o esforço de resistência ucraniano”.

No plano económico, Paulo Portas considera que os governos ocidentais cometeram um “erro de cálculo”, uma vez que a Rússia irá aumentar significativamente as receitas com a venda de matérias-primas como o petróleo.

“Por dia, a Rússia recebe cerca 800 milhões de dólares só com o petróleo e o gás. Isso dá-lhe um superavit extraordinário, superior aos dos últimos 10 anos, devido à redução da produção, à cumplicidade da OPEP (Organização de Países Produtores de Petróleo), ao fornecimento a mercados alternativos e à Europa, que de um dia para o outro não pode deixar de comprar [à Rússia]”, explicou o comentador da TVI.

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