Olena ficou cega a proteger os filhos de uma bomba que entrou pela janela. Um médico polaco devolveu-lhe a visão

4 abr 2022, 21:55
Médico polaco recupera visão de família ucraniana

Guerra na Ucrânia. O tempo foi crucial para esta família, cuja mãe só não ficou cega por um "pequeno milagre". Os filhos ainda têm uma longa recuperação pela frente

Olena estava na cozinha da sua casa em Sievierodonetsk, na região de Lugansk, quando olhou pela janela e viu uma bomba na sua direção. Era o 15.º dia de guerra na Ucrânia.

“Foi tudo tão rápido que nem percebi o que estava a acontecer. Só vi aquilo a voar na minha direção”, contou Olena Selichzianowa à BBC.

Junto a si tinha os gémeos de cinco anos, Nazar e Timur. Lembra-se de cair sobre eles para os proteger e nada mais. O que se seguiu foi uma corrida contra o tempo para salvar esta mãe e os filhos de ficarem cegos, depois de terem ficado cobertos de estilhaços que se agarraram a tudo, desde os olhos à pele.

Foram salvos dos escombros e levados para um hospital, mas a situação era tão grave que foram transferidos. Em Lviv, a médica Nataliya Preys que os atendeu contactou de imediato um antigo professor na Polónia, Robert Rejdak, da Universidade de Medicina de Lublin.

"Eles vieram do inferno. A mãe estava completamente cega", descreveu o médico polaco, um dos mais conceituados cirurgiões oftalmológicos da Europa, que teve de realizar uma "cirurgia bilateral da catarata" devido ao pedaço de vidro que estava dentro de um dos olhos de Olena.

A cirurgia correu "na perfeição" e Olena já recuperou quase a totalidade da visão. Mais longa vai ser a recuperação dos filhos, que sofreram "um trauma ocular enorme". Nazar foi o mais afetado, tendo perdido uma das vistas.

O tempo foi tudo para esta família. Se chegassem um dia ou dois depois à Polónia, as consequências teriam sido dramáticas.

"Teriam ficado cegos porque foi no último momento possível para se iniciar o tratamento. Já tinham passado sete dias desde o acidente e no trauma ocular o tempo é crucial", explicou o especialista.

Se foi um milagre? "Um bocadinho", disse Robert Rejdak.

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