O fantasma de Bucha mantém-se. Polícia ucraniana descobre 34 novos locais de tortura

CNN Portugal , DCT
1 nov 2022, 15:49

Em oito meses de guerra, os indícios de tortura por parte das tropas russas multiplicam-se. Os alvos continuam os mesmos: militares e civis russos.

A Polícia Nacional da Ucrânia anunciou, esta terça-feira, que foram descobertos 34 locais “onde os russos detiveram ilegalmente e torturaram cidadãos ucranianos”. Essas alegadas câmaras de tortura estão localizadas em Sumy, Chernihiv, Kiev, Kharkiv, Donetsk e Kherson.

Segundo o site Ukrinform, 24 estão em Kharkiv, três na região de Kherson, outras três na região de Kiev e duas na região de Sumy. Em Donetsk e Chernihiv foi encontrada uma sala de tortura em cada região.

Na imagem acima é possível ver  a entrada de uma cave supostamente usada como câmara de tortura numa casa. Esta alegada câmara de tortura foi apenas descoberta pela polícia ucraniana no centro de Pisky Radkivsky, em Donetsk, no início do mês passado.

Segundo a CNBC, as autoridades ucranianas e os investigadores internacionais continuam a descobrir e a documentar evidências de vários alegados crimes de guerra cometidos pelas forças de ocupação russas.

Desde o início do conflito que há indícios do uso de violência extrema - e até de abusos sexuais - por parte das tropas russas, com Bucha a servir palco daquele que foi o primeiro crime de guerra nestes moldes no conflito que a Rússia começou no final de fevereiro deste ano. Lá, quase 300 pessoas foram enterradas em valas comuns.

A história de Bucha fez soar os alertas sobre aquilo que seria o lado não visível da guerra: corpos torturados e colocados estrategicamente em valas-comuns que nem sempre foram descobertas de forma rápida e mulheres violadas de forma repetida antes de serem assassinadas, como aconteceu com 25 que estiveram em cativeiro numa cave sob o comando das tropas russas. Mas desde o início do conflito que os abusos sexuais são vários, tendo um relatório da ONU revelado que também homens e rapazes foram violados pelos russos.

“O exército russo procurou e matou propositadamente todos aqueles que estavam ao serviço do nosso país. Alvejaram e mataram mulheres à porta das suas casas quando elas tentavam ligar a alguém que estivesse vivo, mataram famílias inteiras, adultos e crianças e tentaram incendiar os seus corpos”, disse Zelensky, à data. A Rússia sempre negou qualquer envolvimento e violência.

A missão da agência da ONU responsável pelos Direitos Humanos em Bucha, nos subúrbios de Kiev, documentou a morte ilegal de cerca de 50 pessoas, incluindo por execuções sumárias, avançou a BBC, citando uma declaração do gabinete da alta comissária - que acrescenta que as investigações mostram que Bucha "não é um incidente isolado” e que estas mortes constituem crimes de guerra.

E não foi. Logo em abril, pouco mais de um mês desde o início do conflito, as tropas da Ucrânia encontraram mais de 130 corpos com sinais de tortura, mãos atadas e ferimentos de bala, após os soldados russos terem saído dos arredores de Kiev

Ainda em abril, também Mariupol foi palco do terror, com mais de mil corpos encontrados numa vala comum, que não foi a única: em poucos dias, as tropas russas construíram 200 valas comuns para colocar os corpos ucranianos.

No mês seguinte, em maio, mais de mil corpos de civis foram recuperados apenas na região de Kiev, incluindo indícios de execuções sumárias e sinais de tortura. A ONU falou em “horrores inimagináveis”, que acabaram por se repetir.

Em setembro, terão sido sepultadas 440 pessoas numa floresta de Izium, todas elas com sinais de tortura no corpo: mãos atadas, cordas no pescoço e ossos partidos são exemplos do que as autoridades encontraram, que rapidamente compararam a vala comum lá encontrada com a de Bucha.

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