Ninguém sabe exatamente quantos civis ou soldados, de que idades ou nacionalidades, morreram ou foram feridos: eis os balanços conhecidos

1 mar 2022, 20:04

Entre Ucrânia, Rússia e organizações internacionais, têm sido vários os dados divulgados

Mortos, feridos, refugiados, mísseis e cidades. São muitas as contabilizações a fazer quando passa quase uma semana desde o início da invasão da Rússia à Ucrânia. Os números são dúbios e surgem de diferentes lados com informações novas e contraditórias a toda a hora.

Vítimas (um dado incerto)

Tem sido um dos dados mais difíceis de contabilizar. O governo da Ucrânia começou por fazer uma contagem diária, mas há dois dias que o Ministério da Saúde não publica novas informações. Apesar dos fortes ataques às duas maiores cidades do país, Kharkiv e Kiev, o balanço oficial de mortes civis continua nos 352, sendo que 16 das vítimas eram crianças. O número mantém-se inalterado, mesmo sabendo que em Kiev, por exemplo, um ataque à torre de televisão causou cinco mortes esta terça-feira, havendo ainda mais de dez mortes a registar em Kharkiv no mesmo dia. O governo dá ainda conta de mais de 1.600 feridos, dos quais 116 são menores.

Os números das Nações Unidas são diferentes. Esta segunda-feira, a alta-comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, falava em 536 vítimas civis, das quais 137 eram mortes, incluindo 13 crianças. Apesar disso, a responsável admitia que o número seria muito mais elevado, algo que o governo ucraniano parece confirmar.

Quanto a vítimas militares, a Ucrânia continua sem divulgar dados concretos. Sabe-se que mais de 70 soldados morreram num ataque perto de Kharkiv esta segunda-feira. A Ucrânia dá ainda conta de mais de 200 soldados russos detidos em solo ucraniano.

Crianças em hospital pediátrico de Kiev (Emilio Morenatti/AP)

Já do lado de Moscovo, pouco se sabe oficialmente, com os únicos dados a serem divulgados pelo Ministério da Defesa da Ucrânia, que afirma já ter matado mais de 5.700 soldados russos. “Ucranianos armados são muito fortes para a Rússia”, afirma a conta do Twitter daquele ministério.

Material militar (cada lado com números diferentes)

De acordo com o Ministério da Defesa ucraniano, já foram lançados 113 mísseis contra o seu território, mais de metade dos quais logo no primeiro dia - a grande maioria dos quais mísseis Iskander, armas de curto alcance tipicamente utilizadas pelo exército russo.

Mas esse será um número bastante abaixo do verdadeiro e a CNN Internacional dá conta de que já terão sido lançados mais de 400 mísseis pela Rússia. A garantia vem de um oficial da Defesa dos Estados Unidos, que deu números atualizados desta manhã.

Ainda assim, e apesar dos fortes ataques, aquele oficial garante que a Ucrânia ainda tem vários sistemas de defesa “viáveis, intactos e ativos”.

As imagens da destruição em Kharkiv (SESU/Ucrânia)

De resto, e de acordo com o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, esta terça-feira foram levados a cabo ataques de alta precisão contra infraestruturas militares. “Os ataques excluem edifícios e infraestruturas civis”, garantiu o oficial, sabendo-se, no entanto, que vários locais com civis, como é o caso de uma praça em Kharkiv, foram atingidos.

Ao todo, e segundo o último balanço russo, já foram destruídos 1.325 “objetos da infraestrutura militar ucraniana”, dos quais 43 eram postos de comando e um era um centro de comunicações das Forças Armadas da Ucrânia.

A Rússia afirma ainda ter destruído 395 tanques e veículos de combate, 59 sistemas de lançamento múltiplo de mísseis, 179 equipamentos de artilharia e 286 unidades especiais de veículos militares.

A Rússia não divulga os alvos atingidos e a Ucrânia tão pouco. Os comandados de Volodymyr Zelensky optam antes por divulgar apenas as ofensivas que resultaram em destruição do inimigo.

Assim, e segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, já foram destruídos 58 helicópteros e aviões, 198 tanques e mais de 1.200 outros veículos de guerra.

Duas grandes lutas

Alguns dos maiores ataques têm visado Kiev e Kharkiv. São as duas maiores cidades da Ucrânia e aquelas onde a Rússia mais quer entrar. A caminho da capital está uma gigantesca coluna com milhares de militares, enquanto na segunda maior cidade ucraniana os bombardeamentos intensificaram-se nas últimas horas.

Mas se a Rússia enfrenta maior resistência para chegar a estas zonas, há muitas outras que já estão sob o seu domínio. Os primeiros casos foram Donestk e Lugansk, o que foi aparentemente fácil, até porque já eram cidades divididas entre ucranianos e separatistas pró-russos.

Mais difícil foi tomar Chernobyl, onde, apesar de alguma resistência, as tropas russas acabaram por conseguir penetrar, empurrando os ucranianos vários quilómetros para trás, em direção à capital.

A Rússia domina ainda as cidades de Senkivka, Invankiv, Sumy, Berdyansk ou Melitopol, estando em marcha uma grande batalha pelo controlo de Kherson, um pequenino ponto que está rodeado de forças russas que entraram por ali vindas da Crimeia.

Também pela Crimeia entraram as tropas que tentam conquistar um dos pontos mais estratégicos: Mariupol é o principal porto da Ucrânia e é um dos poucos garantes de que o país tem ligação ao Mar Negro. A cidade vai conseguindo, ainda que a muito custo, resistir aos avanços.

Número de refugiados (alguns para Portugal)

Segundo o alto-comissário para os refugiados das Nações Unidas, mais de 677 mil pessoas já deixaram a Ucrânia desde 24 de fevereiro, a grande maioria dirigindo-se para a Polónia, que faz fronteira a oeste.

A União Europeia já admitiu que tem de se preparar para “milhões” de refugiados vindos da Ucrânia. A comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, falou ainda em necessidades humanitárias “enormes e urgentes”.

Mapa Refugiados - Dia 6 (Fonte: Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados)

"Infelizmente temos de nos preparar para a chegada de milhões de pessoas. Ao mesmo tempo temos necessidades humanitárias enormes e urgentes na Ucrânia devido aos muitos deslocados", afirmou.

Alguns desses refugiados devem ter como destino Portugal, que já recebeu 141 pedidos de proteção internacional por parte de cidadãos ucranianos.

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