MNE pede aos portugueses em Kiev para não saírem já, sanciona russos em Portugal e admite chegada "de milhares de ucranianos"

26 fev 2022, 18:58

Augusto Santos Silva esteve na CNN Portugal este sábado e confirmou que ainda há 14 cidadãos portugueses na capital da Ucrânia. Pediu-lhes paciência porque “a situação está muito grave”. Avançou ainda que o SEF suspendeu a análise de processos de vistos gold que envolvam cidadãos russos

O ministro deixa desde já um aviso aos 14 portugueses que ainda se encontram em Kiev: “Não saiam dos seus abrigos nas próximas horas” porque, explicou em seguida, “a situação está muito grave”. “A situação em Kiev está muito grave e a nossa recomendação é que essas pessoas esperem abrigadas. Porque é perigoso agora tentar sair da cidade”, alertou.

Quanto aos cidadãos portugueses que já abandonaram o território ucraniano, Augusto Santos Silva confirmou que já saíram dois grupos de portugueses da Ucrânia: “Um saiu logo na quinta-feira e outro na sexta-feira". Garantiu que todos os que pediram apoio à embaixada portuguesa antes de quinta-feira foram colocados "nesta expedição". Ao todo são cerca de 50 pessoas e “o primeiro grupo já se encontra na Roménia e o segundo chegará em breve”. Depois serão "repatriados para Portugal via aérea", explicou.

O ministro reconheceu, no entanto, que ainda há uma lista com nomes e que esta "tem vindo a oscilar", até porque, "nas últimas horas, mais portugueses se identificaram como estando na Ucrânia”.

"O SEF já suspendeu a apreciação de qualquer dossier de candidatura para autorizações de residência para investimento - vulgo vistos gold - de cidadãos russos"

Recordando que a União Europeia aprovou sexta-feira um regime de sanções, Santos Silva admitiu que "é muito provável que mais cidadãos russos venham a ser sancionados nos próximos dias".

Em seguida, avançou na entrevista à CNN Portugal que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) "já suspendeu a apreciação de qualquer dossier de candidatura para autorizações de residência para investimento - vulgo vistos gold - de cidadãos russos". Segundo o ministro, esta é uma forma de acautelar as sanções que vão ser adotadas contra a Rússia, depois de o país ter invadido a Ucrânia: "O pacote de sanções aprovado pela União Europeia, com o voto favorável de Portugal, inclui sanções dirigidas a muitas centenas de pessoas. Qualquer cidadão russo, tenha ele nacionalidade portuguesa ou não, que faça parte dessa lista terá imediatamente os seus bens congelados em Portugal e ser-lhe-á interditada qualquer liberdade de movimentos".

"Isso aplica-se a qualquer cidadão russo, ou bielorusso já agora, listado na lista europeia", acrescenta o ministro.

“Milhares ou dezenas de milhares” de ucranianos podem chegar a Portugal 

A situação que se vive na Ucrânia é instável e, “num dos piores cenários”, a Europa pode enfrentar um "fluxo bastante grande de ucranianos que precisem de fugir do seu país para preservarem a sua vida e a dos seus".

Augusto Santos Silva admitiu mesmo a chegada de "milhares ou dezenas de milhares" de refugiados ucranianos a Portugal. Em seguida garantiu que a posição do país, nesta matéria, é simples: "Conhecemos bem os ucranianos, temos muitos em Portugal e estamos de braços abertos para acolher mais". E recordou que atualmente vivem “mais de 28 mil ucranianos em Portugal”.

NATO está a reforçar a sua capacidade de defesa

O ministro dos Negócios Estrangeiros explicou ainda na CNN Portugal o tipo de apoio que está a ser dado à Ucrânia por parte da NATO. "Nós estamos a apoiar a Ucrânia por diferentes formas: com equipamento militar ou equipamento de natureza defensiva" e "estamos a fazer isso vários países".

Augusto Santos Silva fez questão de lembrar que "no quadro da NATO é preciso ter em atenção que a Ucrânia, não sendo membro da NATO, não se aplica aquele artigo que 'um ataque a um membro da NATO é um ataque a todos nós'". "Não é esse o caso."

E explicou em seguida que o que NATO “está a fazer é reforçar a sua capacidade de defesa e a sua capacidade dissuasão na fronteira Leste, exatamente porque esta invasão da Ucrânia pela Rússia constitui uma crise de segurança para a fronteira Leste da NATO", não se podendo ignorar que "vários países membros da NATO fazem fronteira com a Ucrânia e esta guerra coloca problemas de segurança terríveis no Leste da Europa". "Como Aliança temos que nos defender."

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