Kiev aceita neutralidade e admite reunião entre Putin e Zelensky

Agência Lusa , BCE
29 mar 2022, 15:18
Vista de uma janela partida num hopital em Mariupol, Ucrânia, após um bombardeamento. (AP Photo/Evgeniy Maloletka)

Kiev pede também que este acordo internacional não proíba de forma alguma a entrada da Ucrânia na União Europeia (UE) e que os países a ele associados se comprometam a contribuir para este processo

As condições para um primeiro encontro entre o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o homólogo russo, Vladimir Putin, são finalmente "suficientes" e Kiev aceitará o estatuto de país neutral, disse esta terça-feira um negociador-chefe ucraniano.

"Os resultados da reunião de hoje (em Istambul) são suficientes para uma reunião a nível de chefes de Estado", disse David Arakhamia, negociador-chefe da delegação da Ucrânia, admitindo que Moscovo aceitará esse encontro, pela primeira vez desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Desta ronda de negociações, em Istambul, também saiu a conclusão de que a Ucrânia concordará em ser um país neutro, se houver um "acordo internacional" para garantir a sua segurança, do qual vários países, que atuariam como fiadores, seriam signatários, de acordo com Arakhamia.

"Insistimos que este é um acordo internacional que será assinado por todos aqueles países que sirvam de garantia de segurança", explicou o negociador chefe ucraniana, durante uma conferência de imprensa.

"Queremos um mecanismo internacional de garantias de segurança onde esses países atuem de forma semelhante ao artigo 5º da NATO, e ainda com mais firmeza", acrescentou Arakhamia, referindo-se ao ponto do tratado da Aliança Atlântica que estipula que um ataque contra um dos seus membros é um ataque contra todos.

Arakhamia citou, entre os países que a Ucrânia gostaria de ter como fiadores, os Estados Unidos, China, França e Reino Unido - membros do Conselho de Segurança da ONU - mas também Turquia, Alemanha, Polónia e Israel.

Com estas garantias, a Ucrânia "não colocará no seu território nenhuma base militar estrangeira" e não aderirá a "nenhuma aliança político-militar", sublinhou um outro negociador, Olexandre Tchaly.

No entanto, exercícios militares podem ser organizados na Ucrânia, com o acordo dos países que sirvam de garantia, especificou.

Kiev pede também que este acordo internacional não proíba de forma alguma a entrada da Ucrânia na União Europeia (UE) e que os países a ele associados se comprometam a contribuir para este processo.

Para que essas garantias entrem em vigor o mais depressa possível, a Crimeia e os territórios do Dombass sob o controlo de separatistas pró-Rússia seriam "temporariamente excluídos" do acordo, acrescentou Arakhamia.

Para resolver a questão específica da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, Kiev propõe um período de 15 anos de conversações russo-ucranianas.

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