Imagens de satélite mostra como os russos construíram uma vala comum em Mariupol em apenas duas semanas

22 abr 2022, 00:33
Vala comum em Manhush, Mariupol (Maxar)

Autarca diz que mais de 20 mil pessoas morreram na cidade, que já foi apelidade de "cidade-mártir". No entanto, a maioria dos corpos terá desaparecido em crematórios móveis do exército russo

A Rússia tem estado a esconder evidências de crimes de guerra “bárbaros” na cidade de Mariupol. Quem o diz é o autarca da cidade, que está completamente destruída, depois de ter sido um dos primeiros alvos da invasão russa que começou há mais de 50 dias.

Vadym Boichenko afirma que milhares de corpos de civis que foram mortos nos bombardeamentos àquela localidade portuária foram enterrados em valas comuns.

Entretanto imagens da Maxar, empresa de imagens de satélite, mostram diferenças no terreno onde o autarca diz que os corpos foram enterrados. A imagem de 19 de março mostra terra plana, mas na captada a 3 de abril é possível ver a terra remexida, com vários altos.

A autarquia de Mariupol afirma que entre 3 a 9 mil pessoas podem estar enterradas num cemitério em Manhush, a cerca de 20 quilómetros do centro da cidade portuária.

É com base nessa mesma imagem que a autarquia de Mariupol afirma que entre três a nove mil pessoas podem estar enterradas no cemitério em Manhush, a cerca de 20 quilómetros do centro da cidade portuária.

Trata-se de Manhush, uma vila perto de Mariupol, onde milhares de corpos terão sido transportados do porto para uma zona perto de um cemitério por camiões russos.

“Os invasores estão a esconder provas dos seus crimes. O cemitério está localizado perto de um posto de combustível à esquerda de uma estrada circular. Os russos escavaram trincheiras enormes, com 30 metros de largura. Sufocaram as pessoas”, afirmou o autarca, citado pelo jornal The Guardian.

Após divulgar as imagens do local a Maxar indicou que existem ali mais de 200 novas campas.

Vadym Boichenko estima que mais de 20 mil residentes em Mariupol foram mortos pelas forças russas, sendo que a esmagadora maioria dos corpos terá sido colocada em crematórios móveis, que as autoridades ucranianas acusam a Rússia de utilizar em várias cidades.

Tudo isto no dia em que Vladimir Putin disse ter “libertado” a cidade, o grande bastião ucraniano a leste, e que tem sido símbolo da resistência ucraniana, uma vez que Mariupol está rodeada de forças russas em todo o lado. De resto, a quase obsessão russa com aquela cidade explica o quão importante é conquistá-la. É que aquele local é a única coisa a impedir a Rússia de ligar por via terrestre o seu território à Crimeia, península anexada em 2014. Pelo meio fica o Donbass, que é cada vez mais dominado pela Rússia.

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