O que se sabe (para já) do encontro entre Guterres e Putin na próxima semana

22 abr 2022, 17:49
António Guterres e Vladimir Putin (Dmitri Lovetsky/AP)

Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia também vai estar presente na reunião em que Guterres pretende discutir uma forma de chegar "urgentemente" à paz. Há ainda conversações com o governo ucraniano para uma potencial visita de António Guterres a Kiev

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, revelou esta sexta-feira que o presidente russo irá receber em Moscovo, na próxima terça-feira, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com agência russa TASS, António Guterres viaja para Moscovo na segunda-feira, 25 de abril, para no dia seguinte se reunir com Vladimir Putin.

Aquela agência russa dá conta de que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, também estará presente na reunião.

"Na terça-feira, dia 26 de abril, o secretário-geral da ONU António Guterres vai chegar a Moscovo para falar com o ministro dos Negócios Estrangeiros Sergei Lavrov. Também vai ser recebido pelo presidente Vladimir Putin", adiantou Dmitry Peskov.

A Rússia responde, assim, afirmativamente ao pedido feito por António Guterres no dia 19 de abril, que enviou uma carta a Vladimir Putin nesse dia. Esta será a primeira vez que o secretário-geral da ONU vai falar com Vladimir Putin desde 24 de fevereiro, dia em que se iniciou a guerra na Ucrânia.

A porta-voz das Nações Unidas, Eri Kaneko, referiu que António Guterres vai a Moscovo com uma agenda de paz, pretendendo saber o que poderá ser feito para terminar a guerra.

"A mensagem do secretário-geral vai ser no intuito de discutir que passos podem ser dados para silenciar as armas com e ajudar as pessoas que querem sair de forma segura", acrescentou.

Citada pela Reuters, Eri Kaneko adianta também que a ONU está em conversações com o governo ucraniano para uma potencial visita de António Guterres a Kiev.

"O secretário-geral disse que, neste momento de grande perigo e consequências, gostaria de discutir medidas urgentes para trazer a paz à Ucrânia e o futuro do multilateralismo com base na Carta das Nações Unidas e no direito internacional", disse na quarta-feira o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric, observando que tanto a Ucrânia, quanto a Rússia, são membros fundadores das Nações Unidas e "sempre foram fortes apoiantes desta Organização".

Mais tarde o gabinete do secretário-geral da ONU informou que a visita a Kiev se vai realizar no dia 28 de abril.

A viagem de Guterres à Rússia acontece num momento em que o secretário-geral da ONU está a ser duramente criticado pela sua alegada passividade em tomar medidas concretas para travar a guerra na Ucrânia.

Esta semana, mais de 200 antigos dirigentes da ONU dirigiram uma carta a António Guterres, com um apelo para que seja mais proativo em relação a esse conflito.

Os signatários alertaram que, a menos que Guterres atue de forma mais pessoal para assumir a liderança na tentativa de mediar a paz na Ucrânia, as Nações Unidas arriscam não apenas a irrelevância, mas a sua existência continuada.

Os ex-funcionários, incluindo muitos ex-subsecretários da ONU, pediram que o atual secretário-geral se prepare para assumir riscos pessoais para garantir a paz, dizendo que as Nações Unidas enfrentam uma ameaça existencial devido à invasão da Ucrânia por um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.

Contudo, essa visão foi contestada por Stéphane Dujarric, que afirmou na quarta-feira que o secretário-geral tem feito apelos pelo "silenciar das armas, tem estado diretamente envolvido nas tentativas de obter pausas humanitárias (...), e fez um apelo emocional direto ao Presidente da Rússia", salientando que estas ações fazem parte do envolvimento de Guterres desde que o conflito começou.

Ainda esta semana, o secretário-geral da ONU propôs à Rússia e à Ucrânia que declarassem uma "trégua de Páscoa" de quatro dias (referindo-se à Páscoa ortodoxa).

A Ucrânia apoiou a iniciativa de declarar uma "pausa humanitária" e assim ajudar a retirar civis das áreas mais afetadas pelos combates.

Só que as milícias pró-Rússia na região de Donbass duvidam da eficácia da medida e acusaram Kiev de quebrar tréguas anteriores, durante os oito anos de conflito na região.

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