Grande derrota para a Rússia: forças retiram-se de cidades em Kharkiv perante avanços ucranianos

CNN Portugal , com Lusa
10 set 2022, 19:31

O Ministério da Defesa da Rússia justifica a retirada como necessária para "atingir os objetivos enunciados da operação militar especial de libertação do Donbass"

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou este sábado que está a retirar as suas tropas de Balakliia e Izium, na região de Kharkiv, uma das zonas primordiais do conflito, no seguimento de uma contraofensiva que a Ucrânia iniciou na última semana. 

"[As movimentações das tropas russas foram feitas] para atingir os objetivos enunciados da operação militar especial de libertação do Donbass", disse o porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov, citado pela agência de notícias AP. De acordo com a TASS, agência de notícias russa, as tropas irão retirar-se para a região do Donetsk.  

O chefe da administração russa para a zona de Kharkiv, Vitaly Ganchev, avisou ainda os residentes para se retirarem das localidades e fugirem para a Rússia para “salvar vidas e saúde, visto que é agora perigoso ficar em casa”.  

As declarações dos responsáveis russos surgem no mesmo dia em que as forças ucranianas anunciaram ter recuperado a cidade de Kupiansk, no leste da Ucrânia, uma localidade a 120 quilómetros de Kharkiv, e que está nas mãos do exército russo quase desde o início da ofensiva, adiantou a AFP, salientando a importância estratégica da cidade para o abastecimento das linhas de combate russas. 

Foi também, este sábado, anunciado pela vice-ministra da Defesa, Hanna Malyar, que as forças ucranianas já controlam totalmente a cidade de Balakliia, noticiou a Reuters, pouco depois da retirada das forças russas.  Esta cidade já teria sido abandonada pelos russos há dias, informa aquela agência.  

A tomada de controlo pelas forças ucranianas pode colocar um sério problema a Moscovo, uma vez que as cidades se encontram nas rotas de abastecimento de outras posições russas na linha da frente. 

Esta é, segundo a Reuters, a pior derrota para os russos desde que se viram forçados a desistir da ocupação de Kiev em março, altura em que a justificação apresentada assemelha-se à dada este sábado  – reagrupar as tropas para manter o objetivo da operação especial militar. 

Ucrânia já tinha anunciado que tinha colocado a bandeira em dezenas de localidades

O novo avanço importante reivindicado pelas forças ucranianas acontece depois de Kiev ter afirmado ter recuperado nos últimos dias o controlo de 30 localidades na zona de Kharkiv, na fronteira com a Rússia. 

O Ministério da Defesa do Reino Unido e o Instituto para o Estudo da Guerra, um centro de pesquisa com sede em Washington, deram conta de avanços significativos das tropas ucranianas nos arredores de Kharkiv.  

Kiev pode brevemente, de acordo com observadores do conflito, aumentar a sua pressão sobre outras cidades controladas pelos russos, sobretudo Izium, que tinha uma população de cerca de 45 mil habitantes antes do início da guerra e que tem uma grande importância para as operações militares de Moscovo. 

A ofensiva lançada em 24 de fevereiro na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto. 

A ONU apresentou como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito. 

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