Falhou acordo para os cereais ucranianos. Fica um aviso ao mundo: "Milhões podem morrer à fome"

9 jun 2022, 13:11
Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin em 2021 (Kremlin Pool Photo via AP)

Cereais estão retidos pela Rússia, que os tem usado como chantagem para atenuar as sanções do Ocidente

O Kremlin revelou esta quinta-feira que a Rússia e a Turquia não chegaram a acordo sobre a exportação de cereais da Ucrânia através dos portos do Mar Negro. De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, os trabalhos entre os dois países continuam. 

A Turquia tem servido de mediador para que Moscovo e Kiev alcancem um entendimento sobre como retomar a exportação de cereais dos portos ucranianos. No entanto, as expectativas são baixas, uma vez que persiste a troca culpas entre os dois países em conflito.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, chegou a Ancara na terça-feira para discutir a hipótese de desminagem dos portos do Mar Negro. "Vamos abordar todos os detalhes. Os especialistas partem hoje (segunda-feira) para a Turquia e terça-feira a minha delegação viaja e espero que possamos colocar um ponto final - uma vez que isso deve ser feito pelos nossos líderes - ou pelo menos planear em pormenor as possibilidades", disse na altura o chefe da diplomacia russa.

Na quarta-feira, e em resposta a Lavrov, o diretor da Associação de Cereais da Ucrânia disse que a Turquia não é "suficiente" para garantir a segurança da exportação de cereais e lembrou que a desminagem dos portos pode demorar entre dois a três meses. 

Já esta quinta-feira, o primeiro-ministro da Itália defendeu que a Ucrânia precisa de mais garantias de que os navios não vão ser atacados nos portos. "Temos de proporcionar ao presidente Zelensky as garantias de que ele precisa. Precisamos de desbloquear os milhões de toneladas de cereais que estão lá [na Ucrânia] presos por causa do conflito. Os esforços de mediação das Nações Unidas e da Turquia são passos significativos", afirmou Mario Draghi numa reunião da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em Paris, na qual também participou o presidente ucraniano.

"Milhões de pessoas podem morrer à fome se o bloqueio russo no Mar Negro continuar"

A propósito deste bloqueio, o Presidente da Ucrânia divulgou um vídeo de 11 minutos no qual refere que milhões de pessoas podem vir a morrer à fome por causa da guerra. 

"Não podemos exportar o nosso trigo, milho, óleo vegetal e outros produtos que têm desempenhado um papel estabilizador no mercado global. Isso significa que, infelizmente, dezenas de países podem enfrentar uma escassez de alimentos. Milhões de pessoas podem morrer à fome se o bloqueio russo no Mar Negro continuar", alertou. 

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