Presidente ucraniano comparou Mariupol a Génova e pediu apoio a mais sanções contra a Rússia. Antes do discurso, falou com o Papa e pediu-lhe para ser mediador
Volodymyr Zelensky dirigiu-se esta terça-feira ao parlamento italiano. O presidente da Ucrânia afirmou que o país “está no limite da sobrevivência” nesta guerra, e que a Rússia vê o seu país como "a porta de entrada para a Europa".
“Para a Rússia, a Ucrânia é a porta da Europa, por onde quer entrar, mas a barbárie não pode passar”, disse, acusando Vladimir Putin de querer "influenciar o modo de vida dos europeus" e "destruir os valores" do Velho Continente.
Zelensky pediu aos parlamentares para imaginarem se a cidade de Génova sofresse a mesma destruição que Mariupol e outras localidades “completamente dizimadas”, e pediu ao parlamento italiano que apoie a imposição de mais sanções contra a Rússia, como o congelamento dos bens e cancelamento de contas de oligarcas e responsáveis políticos russos, e que não abra exceções para determinados bancos da Rússia.
O chefe de Estado da Ucrânia deixou ainda um elogio ao seu povo, que se “tornou num exército” ao ver a “maldade do inimigo”, que não se verificava na Europa “desde o tempo dos nazis”.
“Onde quer que estejam presentes, as tropas russas torturam, violam, raptam crianças e destroem tudo o que veem”, acusou.
O chefe de Estado ucraniano deixou ainda um alerta para a segurança alimentar mundial. "Como é que podemos fazer a colheita nas nossas plantações debaixo de fogo russo? Não poderemos exportar produtos essenciais à vida, como o trigo e o milho", disse. A Ucrânia é um dos maiores produtores mundiais de trigo e óleo de girassol, entre outros bens alimentares, e há receios de que o conflito gere escassez destes produtos a nível global.
Em resposta, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, apelidou a resistência ucraniana de “heroica”, ao fazer oposição à “arrogância” russa. Draghi afirmou também que a Itália quer a Ucrânia na União Europeia, e que o país deve oferecer ajuda militar às forças ucranianas para “prevenir massacres”.
Antes deste encontro, Zelensky falou por videoconferência com o Papa Francisco, a quem pediu que assumisse o papel de mediador no conflito.
“O papel de mediação da Santa Sé para acabar com o sofrimento humano seria apreciado. Agradeci pelas orações pela Ucrânia e pela paz”, escreveu Zelensky no Twitter.
Talked to @Pontifex. Told His Holiness about the difficult humanitarian situation and the blocking of rescue corridors by Russian troops. The mediating role of the Holy See in ending human suffering would be appreciated. Thanked for the prayers for Ukraine and peace. pic.twitter.com/wj4hmrTRGd
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) March 22, 2022