“Estamos no limite da sobrevivência”. O discurso de Zelensky após ter falado com o Papa

22 mar 2022, 11:39
Volodymyr Zelensky dirige-se ao parlamento italiano (AP)

Presidente ucraniano comparou Mariupol a Génova e pediu apoio a mais sanções contra a Rússia. Antes do discurso, falou com o Papa e pediu-lhe para ser mediador

Volodymyr Zelensky dirigiu-se esta terça-feira ao parlamento italiano. O presidente da Ucrânia afirmou que o país “está no limite da sobrevivência” nesta guerra, e que a Rússia vê o seu país como "a porta de entrada para a Europa".

“Para a Rússia, a Ucrânia é a porta da Europa, por onde quer entrar, mas a barbárie não pode passar”, disse, acusando Vladimir Putin de querer "influenciar o modo de vida dos europeus" e "destruir os valores" do Velho Continente.

Zelensky pediu aos parlamentares para imaginarem se a cidade de Génova sofresse a mesma destruição que Mariupol e outras localidades “completamente dizimadas”, e pediu ao parlamento italiano que apoie a imposição de mais sanções contra a Rússia, como o congelamento dos bens e cancelamento de contas de oligarcas e responsáveis políticos russos, e que não abra exceções para determinados bancos da Rússia.

O chefe de Estado da Ucrânia deixou ainda um elogio ao seu povo, que se “tornou num exército” ao ver a “maldade do inimigo”, que não se verificava na Europa “desde o tempo dos nazis”.

“Onde quer que estejam presentes, as tropas russas torturam, violam, raptam crianças e destroem tudo o que veem”, acusou.

O chefe de Estado ucraniano deixou ainda um alerta para a segurança alimentar mundial. "Como é que podemos fazer a colheita nas nossas plantações debaixo de fogo russo? Não poderemos exportar produtos essenciais à vida, como o trigo e o milho", disse. A Ucrânia é um dos maiores produtores mundiais de trigo e óleo de girassol, entre outros bens alimentares, e há receios de que o conflito gere escassez destes produtos a nível global.

Em resposta, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, apelidou a resistência ucraniana de “heroica”, ao fazer oposição à “arrogância” russa. Draghi afirmou também que a Itália quer a Ucrânia na União Europeia, e que o país deve oferecer ajuda militar às forças ucranianas para “prevenir massacres”.

Antes deste encontro, Zelensky falou por videoconferência com o Papa Francisco, a quem pediu que assumisse o papel de mediador no conflito.

“O papel de mediação da Santa Sé para acabar com o sofrimento humano seria apreciado. Agradeci pelas orações pela Ucrânia e pela paz”, escreveu Zelensky no Twitter.

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