Em apenas quatro horas, Ucrânia acelerou as conquistas no sul do país e russos já não escondem o progresso ucraniano. Veja o mapa

4 out 2022, 20:04
Tanque russo destruído nos arredores de Kiev (Getty Images)

Bloggers militares pró-russos e até o próprio Ministério da Defesa russo partilharam mapas que demonstram o claro progresso que as tropas de Kiev fizeram na região esta terça-feira

Depois de libertar toda a região de Kharkiv e de obrigar o exército russo a recuar em Lugansk e Donetsk, as forças armadas ucranianas conquistaram uma parte significativa da região de Kherson, no sul do país.

Esta terça-feira, as fontes oficiais do Ministério da Defesa ucraniano anunciaram a conquista de Davydiv Brid, uma importante localidade que foi palco de intensos combates desde o início do mês de agosto, e de Velyka Oleksandrivka. “Os fuzileiros ucranianos estão a avançar com confiança em direção ao Mar Negro”, afirmou o Ministério da Defesa no Twitter.

Um vídeo compartilhado nas redes sociais por soldados da 35.ª Brigada de Fuzileiros da Ucrânia mostrou a captura de Davydiv Brid, que desferiu um grande golpe nas linhas de suprimentos russas na região de Kherson.

Mas a principal admissão do progresso ucraniano foi feita, na verdade, por fontes russas, que admitiram que soldados russos foram apanhados de surpresa pela força da ofensiva e pela quantidade de soldados e equipamento utilizados pelas tropas de Kiev. Num canal do Telegram gerido por repórteres militares pró-russos, o Rybar, publicou dois mapas, separados por quatro horas, que mostram a dimensão dos avanços ucranianos.

Progresso ucraniano na região de Kherson em apenas quatro horas aos olhos dos repórteres militares russos que gerem a página de Telegram Rybar

Segundo estes grupos de bloggers militares, o exército russo, incapaz de fazer frente à dimensão das forças ucranianas, terá recebido ordem para recuar e reagrupar as suas formações militares em posições defensivas mais favoráveis, evitando acabar por serem cercados e destruídos pelas forças de Kiev.

“Os comandantes das forças armadas ucranianas no sul e no leste estão a causar problemas na cadeia de comando russa mais rápido do que os russos são capazes de responder efetivamente”, disse um oficial ocidental em declarações ao jornal Washington Post.

Recorde-se que esta é uma das frentes da guerra mais bem guarnecidas pelas tropas de Moscovo. Ao contrário das regiões de Lugansk e Donetsk, que são defendidas por pessoas recrutadas, muitas vezes à força e por mercenários do grupo Wagner, nas províncias de Zaporizhzhia e de Kherson estão o grosso do exército russo. Segundo os especialistas, entre 20 a 30 mil soldados russos. O Institute for the Study of War aponta estes soldados como sendo alguns dos melhores do exército de Moscovo.

A situação foi confirmada pelo Ministério da Defesa russo, durante o seu briefing diário, que mostrou um mapa que dava conta de vastas perdas na província de Kherson. Embora a imagem mostrada no briefing dê conta de que existem perdas territoriais significativas do lado russo, o porta-voz do exército russo, o tenente-general Igor Konashenkov, não fez qualquer menção à retirada em larga escala durante a sua intervenção.

A ofensiva começou no dia 2 de outubro, apenas dois dias depois de Vladirmir Putin ter anunciado a anexação ilegal das quatro províncias ucranianas de Kherson, Zaporizhzhia, Lugansk e Donetsk. Este contra-ataque ucraniano começou nas localidades de Arkhanhelske to Osokorivka, com as formações militares ucranianas a conseguirem progredir junto ao rio Dnipro, até à cidade de Dudchany. A partir daqui, o exército ucraniano fica à distância de 124 quilómetros da cidade de Kherson pela estrada principal que atravessa esta região.

Desde o início de agosto que a Ucrânia tem vindo a intensificar as operações militares nesta margem do rio Dniepre, particularmente com o uso de artilharia e de sistemas de foguetes múltiplos fornecidos pelos Estados Unidos, os HIMARS, que têm sido utilizados para destruir todas as pontes que ligam a região à outra margem, acabando por dificultar bastante a capacidade das tropas russas de receberem mantimentos, combustível e munições necessárias.

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