Documento interno do Kremlin revela planos de Putin para desestabilizar a Moldova

15 mar 2023, 10:52
Vladimir Putin faz discurso sobre o Estado da Nação (AFP via Getty Images)

O relatório estabelece metas a curto, médio e longo prazo, sendo um dos objetivos finais a “criação de grupos estáveis de influência russa entre as elites políticas e económicas da Moldova”

Foi revelado esta semana um documento interno do governo russo, que detalha as ações a tomar para desestabilizar a Moldova, país vizinho da Ucrânia.

De acordo com o portal Yahoo News, parte de consórcio investigativo que revelou o documento, o plano foi concebido no outono de 2021 pelo Diretório Presidencial para a Cooperação Transfronteiriça da Rússia, que recebeu informações dos serviços de informação de Moscovo.

A estratégia do Kremlin passa, então, por “contrariar as tentativas de atores externos”, como os Estados Unidos, a União Europeia, a Ucrânia e a Turquia, para “interferir nos assuntos internos da República da Moldova, fortalecer a influência da NATO e enfraquecer a posição da Federação Russa”.

O plano estabelece como objetivo que a Moldova entre nas duas organizações criadas por Moscovo para fazer face à União Europeia e à Aliança Atlântica: a União Económica Eurasiática e a Organização do Tratado de Segurança Coletiva, respetivamente.

A região separatista pró-russa da Transnístria é também visada nesta estratégia, com o Kremlin a querer a “neutralização” de todas as tentativas do governo moldavo para expulsar a presença militar russa da região, escreve o Yahoo News.

Citado pelo portal norte-americano, o antigo oficial do Departamento de Estado David Kramer afirma que o documento “trata a Moldova como um satélite maleável, sobre o qual a Rússia pode exercer controlo e influência”.

“É a atitude típica do Kremlin para com todos os seus vizinhos e comprova o objetivo de manter uma esfera de influência bem controlada", afirma Kramer.

O relatório estabelece metas a curto, médio e longo prazo, sendo um dos objetivos finais a “criação de grupos estáveis de influência russa entre as elites políticas e económicas da Moldova”.

A revelação deste relatório segue-se a dias intensos de protestos contra a governação pró-ocidental de Maia Sandu e a favor de maior influência russa no país.

O relatório também parece confirmar as acusações lançadas na semana passada por John Kirby, do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que disse que a Rússia quer “desestabilizar a Moldova” e instalar um governo pró-Kremlin em Chisinau.

No entanto, apesar de reconhecer que há uma tentativa russa de "enfraquecer" o atual governo moldavo, através de uma "insurreição fabricada", Kirby, citado pela Reuters, diz que não existe uma "ameaça militar iminente" ao país.

Garantindo estar "confiante" na "resiliência" do executivo da Moldova, o responsável americano frisou que os Estados Unidos vão partilhar informação com o governo moldavo, e anunciou um pacote de assistência ao setor energético do país no valor de 280 milhões de euros.

Para além desta medida, John Kirby referiu que os Estados Unidos vão continuar a impor sanções aos indivíduos "ligados aos mecanismos de desestabilização da Moldova".

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