“De que tem medo? Eu não mordo”. Zelensky quer falar diretamente com Putin

3 mar 2022, 18:04
Volodymyr Zelensky (Getty Images)

Presidente ucraniano pediu também reforço da ajuda militar do Ocidente, alertou os países bálticos e agradeceu a um aliado inesperado. Já Putin mantém a ideia de que russos e ucranianos “são um só povo”

Uma semana após o início da invasão russa, o presidente ucraniano manifestou a intenção de negociar diretamente com Vladimir Putin, afirmando ser esta a “única forma de parar a guerra”.

“Sente-se à mesa comigo para negociar, mas não a 30 metros de distância. Eu não mordo. De que tem medo?”, afirmou Zelensky, dirigindo-se ao seu homólogo russo. “Não estamos a atacar a Rússia nem planeamos fazê-lo. Que quer de nós? Deixe a nossa pátria”.

Assegurando que não saírá de Kiev e que, se não fosse presidente, “provavelmente pegaria numa arma e estaria no campo de batalha”, Zelensky disse que as ações russas “são o fim do mundo” e que a Ucrânia “é o muro entre a Rússia e a civilização”. Pelo meio, um aviso aos restantes países da Europa de Leste.

"Se desaparecermos, que Deus nos proteja, a seguir vem a Letónia, a Lituânia e a Estónia, etc. Será até ao Muro de Berlim, acreditem em mim", atirou.

O presidente ucraniano pediu também o reforço da ajuda militar proveniente do Ocidente, incluindo de meios aéreos, dada a relutância ocidental em decretar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia. “Se não têm o poder para fechar os céus, dêem-me aviões!”, exclamou, aproveitando para agradecer a um aliado algo inesperado.

“Agradeço ao presidente turco Erdogan, tem-nos ajudado de muitas maneiras”.

Lamentando o facto de a Rússia “ter pessoas como nós (ucranianos), mas que têm medo de ir para as ruas e dizer ao presidente Putin o que pensam”, Zelensky afirmou ainda que “ninguém esperaria que, num mundo moderno, um homem se comportasse como um selvagem”.

“Estamos a combater os neonazis que governam a Ucrânia”

Quem também falou na tarde desta quinta-feira foi Vladimir Putin, que deixou rasgados elogios às suas tropas, e prometeu compensações monetárias às famílias dos feridos e mortos em combate.

"Os nossos soldados estão a agir com bravura, estão a ser verdadeiros heróis. Estão a sacrificar as suas vidas. O nosso povo é orgulhoso das nossas forças armadas", assegurou, garantindo que a “operação militar especial” tem cumprido todos os seus objetivos “atempadamente”.

O líder russo disse ainda que as tropas russas detidas em Kharkiv "estão a ser alvo de tortura" e acusou os soldados ucranianos de usarem "escudos humanos", ou seja civis, para se defenderem. "Estamos a combater contra os neonazis que governam a Ucrânia", afirmou.

Putin deixou ainda uma mensagem para o povo do país que invadiu, que garante estar a ser alvo de uma “lavagem cerebral”.

“Não vou voltar atrás no que disse sobre russos e ucranianos serem um só povo”.

No final do discurso, Putin, que anunciou que vai declarar um soldado como “herói nacional”, por se ter feito explodir com uma granada, fez um minuto de silêncio por todos os russos que morreram nesta guerra, que dura já há uma semana. 

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