Kim Jong-un pode enviar trabalhadores para a reconstrução da região separatista do Donbass

21 jul 2022, 15:58
Donbass (Joao Bolan/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Embaixador russo na Coreia do Norte abre caminho à cooperação económica entre Moscovo e Pyongyang, ignorando as sanções impostas pela ONU devido ao programa nuclear do regime de Kim Jong-un

O embaixador russo na Coreia do Norte admitiu que trabalhadores norte-coreanos poderão ser enviados para auxiliar na reconstrução dos territórios separatistas ucranianos na região do Donbass.

Segundo o site sul-coreano NK News, que cita uma entrevista do embaixador ao jornal russo Izvestia, Alexander Matsegora diz que há, potencialmente, "muitas oportunidades" para cooperação económica entre a Coreia do Norte e as autoproclamadas Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk, apesar das sanções impostas pelas Nações Unidas devido ao programa de armas nucleares de Pyongyang.

Recorde-se que a Coreia do Norte é um dos poucos países que reconhece a soberania das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk: há poucos dias, o regime acusou o governo ucraniano de alinhar pela posição "hostil" de Washington em relação a Pyongyang, tendo Kiev, em consequência, cortado relações com a Coreia do Norte, acusando Kim Jong-un de colocar em causa a soberania e integridade territorial da Ucrânia. 

Segundo o Guardian, o site sul-coreano NK News pediu um comentário a Go Myong-hyun, investigador no think tank Asan Institute for Policy Studies, com sede em Seul, a propósito desta eventual cooperação Rússia-Coreia do Norte: segundo o especialista, se o Kremlin aceitar a proposta do regime de Kim Jong-un seria a prova de que Moscovo deixou de levar em conta a comunidade internacional, já que aceitaria cooperar com um Estado ao qual foram impostas sanções pelo Conselho de Segurança da ONU, do qual a própria Rússia faz parte como membro permanente.

"Uma vez que a Rússia viole as próprias sanções que autorizou, o Conselho de Segurança estaria seriamente colocado em causa", frisa o investigador. 

A Coreia do Norte conseguia angariar moeda estrangeira enviando cidadãos para trabalhar noutros países, mas a aplicação de sanções da ONU obrigava a que estes fossem repatriados a partir de 2019, ainda que muitos tenham continuado a trabalhar em países como Rússia, China ou Vietname. 

As penalizações impostas pela comunidade internacional ao regime norte-coreano impedem também a aquisição, por parte de Pyongyang, de maquinaria industrial ou equipamento eletrónico. Mas o embaixador russo também sugeriu, nesta mesma entrevista, que as fábricas e centrais de energia da Coreia do Norte poderiam usar equipamento construído na região ucraniana do Donbass, admitindo que as sanções poderiam interferir na tentativa de estabelecer trocas comerciais entre Moscovo e Pyongyang mas que os laços económicos entre os dois países seriam "absolutamente justificados". 

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