China e Índia apelam ao fim pacífico da guerra na Ucrânia - mas sem condenar Moscovo

25 set 2022, 09:48

Aliados históricos de Moscovo pediram fim da guerra na Ucrânia, deixando o Kremlin aparentemente mais isolado

A China e a Índia apelaram este sábado à realização de negociações de paz para pôr termo à guerra na Ucrânia.

Embora nunca condenando Moscovo pela invasão do país vizinho, as declarações dos representantes das duas nações parecem colocar a Rússia cada vez mais isolada na cena mundial, dado que nenhum dos países mais poderosos do mundo ficou do seu lado durante a última Assembleia-Geral da ONU, realizada em Nova Iorque.

Segundo a agência France Presse, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, pediu à Rússia e à Ucrânia para “conterem o conflito” e evitar que afete os países desenvolvidos.

"A China apoia todos os esforços que conduzam a uma resolução pacífica da crise da Ucrânia. A prioridade premente é facilitar as conversações para a paz. A solução fundamental é abordar as legítimas preocupações de segurança de todas as partes e construir uma arquitetura de segurança equilibrada, eficaz e sustentável", afirmou Wang, que se encontrou com Dmytro Kuleba, titular da pasta nos Negócios Estrangeiros do governo ucraniano, pela primeira vez desde o início da guerra.

As declarações contrastam com as do seu homólogo russo, Sergei Lavrov, que criticou a postura dos países do Ocidente e da NATO em relação ao conflito na Ucrânia. "A russofobia oficial no Ocidente não tem precedentes. É grotesca. Eles não se esquivam na intenção de infligir, não apenas a derrota militar ao nosso país, mas também destruir e fraturar a Rússia", disse, acusando também o Ocidente de “querer transformar o resto do mundo no seu próprio quintal”.

Por seu turno, a Índia, que mantém uma amizade histórica com a Rússia, também apelou à paz na 77.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas. "Durante o conflito na Ucrânia têm-nos perguntado muitas vezes de que lado estamos”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, Subramanyam Jaishankar.

"A nossa resposta é sempre direta e honesta - a Índia está do lado da paz e aí permanecerá firmemente. Estamos do lado que apela ao diálogo e à diplomacia como a única saída", completou.

A única voz de apoio à Rússia, durante a sessão de sábado na ONU, veio do Mali, com o presidente interino do país, o coronel Abdoulaye Maiga, a destacar a “cooperação exemplar e frutífera” com Moscovo. A AFP sublinha que Maiga foi colocado no poder por uma junta militar que combateu no próprio território ao lado do Grupo Wagner, milícia paramilitar de extrema-direita russa e leal ao Kremlin.

Após o discurso de Vladimir Putin na quarta-feira, em que o chefe de Estado russo decretou uma mobilização militar parcial de até 300 mil homens e ameaçou com o uso de armas nucleares, os países ocidentais começaram a preparar novos pacotes de sanções contra a Rússia.

Vários líderes ocidentais também têm condenado a realização dos referendos para a anexação à Rússia de quatro regiões ucranianas (Donetsk, Lugansk, Kherson, Zaporizhzhia), garantindo que as instituições internacionais não irão reconhecer os resultados decorrentes destes atos eleitorais que consideram fraudulentos.

Relacionados

Mundo

Mais Mundo

Patrocinados