“Cenário de pesadelo”: irá o crucial gasoduto russo para a Europa reabrir?

CNN , Julia Horowitz
12 jul 2022, 07:30
Tubos nas instalações do gasoduto Nordstream 2 em Lubmin, norte da Alemanha (AP Photo/Michael Sohn)

Um gasoduto russo crucial foi encerrado para reparações. Irá alguma vez reabrir?

Desde que o Ocidente atingiu a Rússia com sanções brutais após a sua invasão da Ucrânia, surgiu uma questão assustadora: e se a Rússia desligar o gás natural para a Europa?

É um cenário de pesadelo que mergulharia a economia da região numa profunda recessão.

Essa possibilidade é o tema de uma nova preocupação, à medida que a manutenção do gasoduto Nord Stream 1 da Rússia para a Alemanha começou na segunda-feira. As autoridades expressaram a sua preocupação sobre se os fluxos de gás recomeçarão quando o período de reparação terminar, dentro de 10 dias.

"Embora isto fosse um procedimento de rotina que quase não atraía qualquer atenção, receia-se desta vez que a Rússia não retome os fornecimentos de gás mais tarde", afirmaram analistas do Commerzbank numa nota enviada aos clientes.

Os fluxos através do gasoduto já tinham sido reduzidos. No mês passado, a Alemanha - a maior economia da Europa - declarou uma “crise do gás” após a Gazprom, a companhia estatal de gás da Rússia, ter reduzido em 60% as exportações através do Nord Stream 1.

A Gazprom culpou a decisão do Ocidente de reter turbinas vitais devido a sanções, mas tal foi vista pelos políticos na Europa como um tiro de aviso.

"Qualquer coisa pode acontecer. Pode acontecer que o gás volte a fluir, ainda mais do que antes. Pode ser que nada venha a acontecer", disse no domingo Robert Habeck, ministro da Economia da Alemanha, numa entrevista de rádio. "Honestamente, temos sempre de nos prepararmos para o pior e trabalhar um pouco para o melhor".

O ministro das finanças francês também disse no domingo que o país deveria agir rápida e eficientemente para se preparar para um "corte total do gás russo", embora seja menos dependente do gás como fonte de energia do que a Alemanha.

O Nord Stream 1, que entrou em funcionamento em 2011, transporta 55 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano para a Europa através do Mar Báltico. Tipicamente, a Gazprom tem lidado com o período de manutenção aumentando os fornecimentos para a Europa através de outros gasodutos ou por armazenamento de energia. Desta vez, a empresa disse que tal não é uma opção, de acordo com a S&P Global Commodity Insights.

A gigante italiana de gás Eni disse na segunda-feira que tinha sido informada pela Gazprom que iria começar a fornecer 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A média nos últimos dias foi de cerca de 32 milhões de metros cúbicos por dia.

A Europa está a correr para se desmamar da energia russa, mas reduzir a dependência do gás é particularmente difícil. A região recebeu 45% das suas importações de gás natural da Rússia no ano passado, e está atualmente a precipitar-se para reabastecer as instalações de armazenamento antes do Inverno.

Berlim ativou a segunda fase do seu programa de emergência de gás de três fases. Isto aproxima-a um passo mais do racionamento de fornecimentos aos atores da indústria, um passo que daria um enorme golpe no coração da economia do país.

Foi dito aos consumidores que reduzissem a procura, à medida que os esforços de conservação aumentavam. Na semana passada, o maior senhorio da Alemanha disse que nos próximos meses irá reduzir o aquecimento a centenas de milhares de residentes.

Os preços de referência do gás natural na Europa subiram na semana passada para o seu nível mais alto desde março. Poderão continuar a subir nos próximos dias, intensificando a pressão sobre os governos para desenvolverem planos de contingência.

"É provável que as preocupações aumentem ainda mais o preço do gás até que se torne claro o que irá acontecer com o fornecimento de gás, uma vez concluído o trabalho de manutenção", disse o Commerzbank.

Europa

Mais Europa

Patrocinados