Britânicos presos pela Rússia pedem para ser trocados por aliado de Putin, que quer ser trocado pelos resistentes de Mariupol

18 abr 2022, 14:12
Shaun Pinner e Aiden Aslin lutaram juntos na Síria há alguns anos (Foto: Twitter)

Shaun Pinner e Aiden Aslin, capturados quando lutavam ao lado dos ucranianos em Mariupol, pediram para ser trocados por Medvedchuk, aliado ucraniano de Putin. Mas o próprio, num vídeo divulgado pelos serviços secretos ucranianos, pede a liberdade em troca da libertação dos resistentes de Mariupol

A troca de prisioneiros de guerra entre Rússia e Ucrânia não tem sido incomum, mas esta segunda-feira ganhou contornos inéditos, com pedidos de ambos os lados das trincheiras: dois combatentes britânicos pediram para ser trocados por Viktor Medvedchuk, aliado ucraniano de Putin detido por Kiev, mas o próprio Medvedchuck pediu a liberdade em troca da libertação pela Rússia dos resistentes de Mariupol. Nenhuma agência ou meio de comunicação internacional conseguiu confirmar se todos os homems falavam de livre vontade ou foram forçados a gravar os vídeos que foram entretanto divulgados pelos dois lados em oposição.

A televisão estatal russa Rossiya 24 emitiu imagens, entretando divulgadas nas redes sociais, que mostram Shaun Pinner, um dos dois combatentes britânicos capturados por Moscovo na cidade de Mariupol, falando em seu nome e de Aiden Aslin. Pinner, visivelmente cansado, garante que ele e Aslin têm sido bem tratados e alimentados e que "compreende totalmente" a situação em que se encontra, dirigindo-se ao primeiro-ministro britânico para que interceda e ajude a facilitar a troca dos dois britânicos por Viktor Medvedchuk. "Agradecia muito a sua ajuda neste assunto", diz a Boris Johnson. 

Segundo a Reuters, Aslin também fala, separado de Pinner, repetindo o pedido de ajuda a Boris Johnson, para que garanta o seu regresso a casa. Um homem, não identificado pela Rossiya 24, é visto a mostrar aos britânicos um vídeo divulgado no passado fim de semana pela mulher de Medvedchuk, que apelava à libertação do marido, precisamente em troca da libertação dos dois combatentes com passaporte do Reino Unido. 

"Julgo que Boris precisa de ouvir o que Oksana [a mulher de Medvedchuk] disse", diz Aslin, num tom nervoso.

Aslin e Pinner, que foram capturados durante os combates na cidade portuária de Mariupol, já se conheciam e chegaram mesmo a lugar lado a lado nas Forças Democráticas da Síria contra o Estado Islâmico.

Recorde-se que os Serviços de Segurança da Ucrânia anunciaram a 12 de abril a detenção de Viktor Medvedchuk, deputado ucraniano que colaborava com Vladimir Putin e era considerado um dos grandes aliados do presidente russo. Estava em parte incerta desde fevereiro e, quando foi capturado, usava um uniforme militar com a bandeira da Ucrânia no braço esquerdo "como disfarce", acusaram as forças ucranianas, garantindo que o político pró-russo tinha trabalhado durante anos "para o estado agressor".

 

Medvedchuk pede liberdade em troca da libertação de Mariupol

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apressou-se a propôr à Rússia a troca de Medvedchuk por outros prisioneiros de guerra logo após a detenção. Aos 67 anos, o deputado estava em prisão domiciliária desde maio de 2021, acusado de traição à pátria e "tentativa de roubo de recursos naturais na Crimeia", mas fugira três dias depois de a Rússia ter  invadido a Ucrânia, a 24 de fevereiro. 

Segundo a Reuters, esta segunda-feira, foi quase à mesma hora da divulgação do pedido dos combatentes britânicos que os serviços secretos da Ucrânia publicaram nas redes sociais um vídeo do próprio Medvedchuk, pedindo por sua vez a libertação em troca da libertação dos resistentes de Mariupol, inclusivamente dos civis que ainda se encontram na cidade portuária ucraniana que está cercada pelos russos. 

 

Dirigindo-se aos presidentes russo e ucraniano, o político solicita a troca de prisioneiros dizendo que Mariupol é nesta altura uma cidade cercada, sem saída segura através de corredores humanitários. 

Após a divulgação do vídeo do antigo deputado, Oksana Marchenko, a mulher de Medvedchuck, terá partilhado para os seus seguidores nas redes sociais, segundo a  Reuters, vários vídeos denunciando que a detenção do marido tem motivações políticas. E pediu mesmo a intervenção de Putin na sua libertação, dirindo-se ainda a Erdogan, presidente turco, e ao príncipe saudita Mohammad bin Salman. Marchenko falou ainda para as famílias dos cidadãos britânicos capturados pela Rússia, pedindo ao primeiro-ministro do Reino Unido ajuda para um acordo que garanta a liberdade do seu marido. 

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