Barril de petróleo custa agora o mesmo que em 2014. Mas um litro de gasóleo custa mais 49 cêntimos

4 mar 2022, 19:02
Posto de abastecimento combustíveis (Foto: Eric McLean/Pexels)

A última vez que o petróleo esteve a 115 dólares, como agora, o litro do gasóleo custava menos 49 cêntimos. Porquê esta diferença? Em grande parte, por causa dos impostos

Cada barril de petróleo custa hoje cerca de 115 dólares, o equivalente a 105 euros. O aumento do preço é diretamente influenciado pela invasão da Ucrânia e pelo papel que a Rússia tem no mercado dos combustíveis.

É preciso recuar até junho de 2014 para encontrar o barril do petróleo ao mesmo preço, sem ter em conta o impacto cambial e da inflação. Nesse mês, para encher o depósito, cada litro de gasóleo custava 1,41 euros. A partir desta segunda-feira, para a mesma quantidade, vai ser preciso gastar mais 49 cêntimos - ou seja, 1,9 euros por litro.

Para este valor entram diferentes elementos, incluindo os impostos. Numa comparação direta, tendo em conta os cálculos da CNN Portugal a partir das proporções apresentadas pela Apetro, associação que representa as petrolíferas, em 2014 a matéria-prima representava 59 cêntimos por litro. Na próxima semana, pesará mais 13 cêntimos.

António Comprido, secretário-geral da Apetro, explica que há diferentes fatores a explicar a evolução desta componente, quando o valor em dólares do barril de petróleo é o mesmo à partida: o efeito cambial, porque o euro vale hoje menos do que o dólar, e as dinâmicas da própria procura e do preço do gasóleo enquanto produto refinado, que têm evoluído a um ritmo mais acelerado do que o crude que lhe dá origem.

Mas os impostos também estão a pesar mais na fatura. Há oito anos, pesavam 47% do preço final. Hoje, 49%. A partir da próxima semana, segundo os cálculos da CNN Portugal, em cada litro de gasóleo colocado no depósito, 93 cêntimos vão para impostos. Serão mais 27 cêntimos por litro do que em 2014.

A Apetro já tinha traçado um cenário semelhante em janeiro, quando o barril de petróleo estava nos 85 dólares, atribuindo as culpas à componente fiscal. “Agora as consequências serão mais ou menos as mesmas, mas ampliadas pelo conflito na Ucrânia”, resume António Comprido.

A margem das gasolineiras está integrada numa rubrica definida pela Apetro como “Custos de Armazenamento, Distribuição e Comercialização” que, comparando com os dados de há oito anos, custará menos na próxima semana, embora não represente um cêntimo sequer na fatura. O outro elemento a ter em conta é a incorporação de biodiesel.

Na próxima semana, cada litro de gasóleo vai custar mais 14 cêntimos do que atualmente. Já o litro da gasolina subirá oito cêntimos, para os 1,88 euros.

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