Ataques ucranianos a depósitos de armamento já se sentem no campo de batalha. Rússia está com falta de munições

2 out, 17:55
Unidade de artilharia ucraniana defende frente de leste (EPA)

Destruição de munições russas e aumento da produção de drones ucranianos aproxima as duas forças

A vantagem russa do número de munições utilizadas na linha da frente está a diminuir drasticamente nas últimas semanas, de acordo com declarações do vice-ministro ucraniano da Defesa, Ivan Havryliuk, e com as queixas que os militares russos estão a tornar públicas. Moscovo ainda mantém alguma margem, mas uma mudança de estratégia ucraniana arrisca tornar o campo de batalha um pouco mais equilibrado.

"Atualmente, a proporção de uso de munições de artilharia no campo de batalha diminuiu em comparação ao inverno de 2024, quando a proporção era de 1 [Ucrânia] para 8 [Rússia]. Atualmente, está em 1 [Ucrânia] para 3 [Rússia].", sublinhou Havryliuk.

Estes números representam uma queda de quase um terço em comparação ao inverno anterior. E, numa guerra em que o destino das conquistas territoriais é marcado pelo uso intensivo de artilharia, esta é uma notícia positiva para o governo ucraniano.

Só que as notícias de uma redução significativa do uso de artilharia não chegam apenas do lado ucraniano. Um conhecido blogger militar pró-russo chamado Yegor Guzenko publicou vários vídeos onde se queixa da incapacidade russa de conduzir ações ofensivas em várias regiões da linha da frente devido à falta de munições.

“A 98ª Divisão Aerotransportada tem este problema, tal como várias outras unidades. Não vou nomeá-las, porque são demasiadas”, afirma Guzenko.

O Ministério da Defesa da Ucrânia admite que Kiev ainda ainda não tem capacidade para acompanhar o ritmo de produção de munições russas, uma vez que Moscovo mobilizou toda a sua economia em função da guerra, mas garante que a Ucrânia está a trabalhar com os seus parceiros para produzir todas as armas necessárias para garantir a vitória no campo de batalha.

Um desses exemplos foi o recente anúncio de um parceria com a Chéquia para produzir munições de calibre 155 mm. A produção deve começar no início de 2025 e as autoridades ucranianas esperam conseguir produzir 100 mil unidades no primeiro ano de produção. No entanto, Kiev espera aumentar este número para 300 mil unidades no ano de 2026. 

No início de setembro, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky anunciou que deu ordem de criação de fábricas de armamento subterrâneas, de forma a reduzir a dependência dos parceiros ocidentais e de possíveis atrasos nas entregas dos materiais necessários. Ainda assim, a Ucrânia espera conseguir fabricar 1,5 milhões de drones até ao final de 2024, segundo o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal.

A escassez russa tem-se acentuado desde que a Ucrânia alterou a sua estratégia e concentrou os seus esforços em destruir depósitos de munições bem no interior da Rússia, com alguns dos maiores ataques de drones desde o início da guerra. Por esse motivo, Zelensky tem redobrado os apelos aos seus parceiros ocidentais para que sejam levantadas as restrições acerca da utilização de armas ocidentais de longo alcance para atingir alvos no interior do território russo. 

Um desses exemplos foi o ataque ao arsenal de Toropets, na região de Tver, a pouco mais de 400 quilómetros de Moscovo, onde mais de 22 mil toneladas de munições terão sido destruídas. No passado domingo, a Ucrânia elevou esta estratégia e lançou o seu maior ataque de drones desde o início da guerra, lançando mais de 120 drones contra vários aeródromos e bases militares russas na região de Volgogrado, a 600 quilómetros da fronteira. 

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