Uma “depravação” contada a partir de uma das imagens mais marcantes desta guerra: uma grávida ferida

CNN Portugal , com Lusa
9 mar 2022, 23:55

Russos atacaram hospital infantil em Mariupol. Zelensky chama-lhe "atrocidade", Boris Johson "depravação"

 A Ucrânia confirma, através do seu Centro de Comunicações Estratégicas e Segurança da Informação, que o bombardeamento desta quarta-feira a um hospital pediátrico em Mariupol causou três mortos e 17 feridos, entre crianças, mulheres e pessoal médico. Confirma também que uma das vítimas mortais é uma criança.

Segundo a Al Jazeera, entre os feridos estão mulheres em trabalho de parto. A Associated Press divulgou entretanto a fotografia de uma grávida ferida a ser retirada dos escombros, sendo esta uma das imagens mais simbólicas e dolorosas conhecidas desta guerra (é a foto que abre e fecha este artigo).

Pavlo Kirilenko, chefe da Administração Militar Regional de Donetsk, foi dos primeiros a reagir, publicando imagens da destruição no Facebook, fazendo críticas violentas ao piloto russo que comandava o avião do ataque: “Não apenas cruzou a linha das relações inaceitáveis ​​entre Estados e povos. Cruzou a linha da humanidade”.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, denunciou o ataque aéreo russo contra aquelas instalações em Mariupol e apelou novamente ao encerramento do espaço aéreo ucraniano. “Ataque direto das tropas russas a maternidade. Há pessoas, crianças debaixo dos escombros. A atrocidade! Quanto tempo mais o mundo será cúmplice ignorando este terror? Fechem o espaço aéreo já”, escreveu Zelensky no Twitter.

O ex-pugilista ucraniano Vladimir Klitschko usou o Instagram para reagir a este ataque. “O meu coração está a sangrar”, disse num vídeo publicado na rede social. “Muitas vezes diz-se que a primeira vítima da guerra é a verdade. Sim, é, como se pode ver na Rússia. Mas querem saber? As vítimas mais insuportáveis ​​são as crianças. As crianças estão a morrer às dezenas agora.”

A condenação a este ataque chega de todo o mundo. “É horrível ver o tipo de uso bárbaro da força militar para perseguir civis inocentes num país soberano”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, citada pela Reuters.

Boris Johnson, que tem sido uma voz ativa na condenação à ação russa, usou o Twitter para criticar o ataque feito ao hospital pediátrico e para dizer que Vladimir Putin será responsabilizado “por seus crimes terríveis”. “Há poucas coisas mais depravadas do que visar os vulneráveis ​​e indefesos”, escreveu no Twitter.

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, classificou como “inaceitável” o ataque ao hospital infantil, relata a Reuters. “Eu digo que bombardear um hospital é inaceitável. Não há razões, não há motivações para fazer isso”, disse aos jornalistas - e continuou: “A primeira versão que foi dada para esta guerra foi que era uma operação militar destinada apenas para destruir instalações militares na Ucrânia para garantir a segurança da Rússia. Bombardear um hospital infantil, um hospital pediátrico, não tem nada que ver com esse propósito”.

Esta notícia foi atualizada no dia 10 de Março, às 11:55 com o número de vítimas do bombardeamento do hospital pediátrico de Mariupol. 

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