Russos atacaram hospital infantil em Mariupol. Zelensky chama-lhe "atrocidade", Boris Johson "depravação"
A Ucrânia confirma, através do seu Centro de Comunicações Estratégicas e Segurança da Informação, que o bombardeamento desta quarta-feira a um hospital pediátrico em Mariupol causou três mortos e 17 feridos, entre crianças, mulheres e pessoal médico. Confirma também que uma das vítimas mortais é uma criança.
Segundo a Al Jazeera, entre os feridos estão mulheres em trabalho de parto. A Associated Press divulgou entretanto a fotografia de uma grávida ferida a ser retirada dos escombros, sendo esta uma das imagens mais simbólicas e dolorosas conhecidas desta guerra (é a foto que abre e fecha este artigo).
Pavlo Kirilenko, chefe da Administração Militar Regional de Donetsk, foi dos primeiros a reagir, publicando imagens da destruição no Facebook, fazendo críticas violentas ao piloto russo que comandava o avião do ataque: “Não apenas cruzou a linha das relações inaceitáveis entre Estados e povos. Cruzou a linha da humanidade”.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, denunciou o ataque aéreo russo contra aquelas instalações em Mariupol e apelou novamente ao encerramento do espaço aéreo ucraniano. “Ataque direto das tropas russas a maternidade. Há pessoas, crianças debaixo dos escombros. A atrocidade! Quanto tempo mais o mundo será cúmplice ignorando este terror? Fechem o espaço aéreo já”, escreveu Zelensky no Twitter.
Mariupol. Direct strike of Russian troops at the maternity hospital. People, children are under the wreckage. Atrocity! How much longer will the world be an accomplice ignoring terror? Close the sky right now! Stop the killings! You have power but you seem to be losing humanity. pic.twitter.com/FoaNdbKH5k
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) March 9, 2022
O ex-pugilista ucraniano Vladimir Klitschko usou o Instagram para reagir a este ataque. “O meu coração está a sangrar”, disse num vídeo publicado na rede social. “Muitas vezes diz-se que a primeira vítima da guerra é a verdade. Sim, é, como se pode ver na Rússia. Mas querem saber? As vítimas mais insuportáveis são as crianças. As crianças estão a morrer às dezenas agora.”
A condenação a este ataque chega de todo o mundo. “É horrível ver o tipo de uso bárbaro da força militar para perseguir civis inocentes num país soberano”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, citada pela Reuters.
Boris Johnson, que tem sido uma voz ativa na condenação à ação russa, usou o Twitter para criticar o ataque feito ao hospital pediátrico e para dizer que Vladimir Putin será responsabilizado “por seus crimes terríveis”. “Há poucas coisas mais depravadas do que visar os vulneráveis e indefesos”, escreveu no Twitter.
There are few things more depraved than targeting the vulnerable and defenceless.
The UK is exploring more support for Ukraine to defend against airstrikes and we will hold Putin to account for his terrible crimes. #PutinMustFail https://t.co/JBuvB78HVC
— Boris Johnson (@BorisJohnson) March 9, 2022
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, classificou como “inaceitável” o ataque ao hospital infantil, relata a Reuters. “Eu digo que bombardear um hospital é inaceitável. Não há razões, não há motivações para fazer isso”, disse aos jornalistas - e continuou: “A primeira versão que foi dada para esta guerra foi que era uma operação militar destinada apenas para destruir instalações militares na Ucrânia para garantir a segurança da Rússia. Bombardear um hospital infantil, um hospital pediátrico, não tem nada que ver com esse propósito”.
Mariupol has been under Russian missile and air attack for over a week, leaving 400K with no water or power. Over 1,200 civilians have died. Today the Russians bombed a Maternity and Pediatric Hospitals. Ukraine needs anti-aircraft and anti-missile defense systems. #StopRussia pic.twitter.com/W0nMbnT0Bq
— Уляна Супрун (@usuprun) March 9, 2022
Esta notícia foi atualizada no dia 10 de Março, às 11:55 com o número de vítimas do bombardeamento do hospital pediátrico de Mariupol.