A versão russa não bate certo: o que a CNN descobriu num dos casos mais polémicos da guerra

CNN Portugal , BMA
11 ago 2022, 11:58
Ataque a prisão de Olenivka (AP)

Ucrânia foi acusada pelo Kremlin de matar com HIMARS prisioneiros de guerra ucranianos detidos pelos russo. Muitos desses detidos pertenciam aos Azov

Poucas horas após mais de 50 prisioneiros de guerra ucranianos terem sido mortos a 29 de julho num centro de detenção na região de Donetsk, um repórter russo exibiu restos de um foguete HIMARS fabricados nos EUA. O HIMARS é um sistema de foguetes de longo alcance e altamente preciso.

Foi desta forma que começou a ofensiva mediática russa em tribunal: de acordo com esta versão, a Ucrânia teria matado os próprios soldados através de um ataque com HIMARS. A justificação dada por Moscovo era que a Ucrânia não queria que os soldados confessassem crimes de guerra e ainda tinha como objetivo desencorajar outros tantos a se renderem. Em resposta às acusações, o presidente Volodymyr Zelensky disse que estas mortes foram resultado de um "ataque deliberado dos russos".

Muitos dos prisioneiros do centro de Olenivka pertenciam ao regimento nacionalista Azov. Foram transferidos para aquele local após se renderem na siderúrgica Azovstal, em Mariupol, em maio. Mas fará sentido que a Ucrânia tenha matado os próprios soldados - muitos deles considerados heróis pela sua resistência em Azovstal - enquanto dormiam?

A investigação, feita pela CNN Internacional e tendo por base a análise de vídeos e fotografias, assim como imagens satélite de antes e depois do ataque, e o trabalho de especialistas forenses e em armas concluiu que a versão russa dos eventos tratar-se-á de uma invenção: seria quase impossível que um foguete HIMARS tivesse causado os danos relatados no armazém onde os prisioneiros estavam retidos.

Especialistas consultados pela CNN descartam por isso um ataque com HIMARS a Olenivka, mas não conseguem determinar o que matou ou feriu tantos homens. A falta de acesso ao local torna as conclusões deficientes. No entanto, os especialistas dizem que a maioria dos sinais aponta para um incêndio intenso e, de acordo com várias testemunhas, não se terá ouvido o som de foguetes.

Recorde-se que Olenivka, onde está o centro de detenção, fica na parte da região de Donetsk que está sob controlo de forças pró-Rússia desde 2014, há oito anos.

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