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Diretor TVI Norte

A conversa da Paz… ficou adiada

26 mar 2022, 00:27

O facto deste dia passa per Roma e pela mensagem do Papa que pede intervenção divina para parar a loucura dos homens. Estava a ouvir as palavras de Francisco e não consegui deixar de pensar no olhar vazio de tantas mães desesperadas com quem já me cruzei. Se Maria é mesmo a mãe de todas as mães, irá velar por elas.

Mas os homens têm que fazer a sua parte e o tempo continua a contar contra aqueles que perdem tudo, a vida, as famílias, a casa dos sonhos de uma existência tranquila.

Todos querem ganhar a guerra, ou as suas guerras. Putin insiste na sua influência no Dombass e nos acessos ao mar que são da Ucrânia. Kiev quer capitalizar tudo o que de trágico acontece para ter uma rápida adesão à União Europeia, mesmo esquecendo a solidariedade para com os países que desesperam até conseguirem as condições para entrar no espaço comum.

Biden chegou hoje aqui a Varsóvia, depois de ter estado a menos de cem quilómetros da fronteira de Medyca, onde não foi ver a real dimensão da tragédia humana que esta guerra causa, a cada minuto, mas já garantiu os negócios do gás e a influência energética na Europa. Neste sábado fala com refugiados, em Varsóvia. Temos memória curta neste novo entendimento com os Estados Unidos e já nos esquecemos dos dias de guerra económica com a anterior administração da Casa Branca e os delírios de Donald Trump, que até admitia abandonar a NATO e desconfiava de tudo o que a Europa fazia em termos económicos. Não estamos livres de um dia ter outro problema.  

Basta mudar a administração de uma das grandes democracias do nosso mundo. A Europa não se quer encontrar como bloco forte que tem que resolver os seus problemas sem nenhuma tutela. Claro que a NATO pode e deve ser um pilar da nossa garantia de paz, mas as dependências económicas e energéticas não podem ditar alianças que nem sempre são estáveis. O que acontece agora com a Rússia é só mais um exemplo disso. Gás barato, acesso simples, mas afinal as coisas lá vão bater na política e em políticos que não é a Europa que controla.

O momento é ainda dos falcões, da marcação de territórios. Se há um Deus, hoje deve olhar para os homens e chorar com quem sofre com esta guerra que só vai acabar pelo diálogo, que ninguém está a levar suficientemente a sério para se tornar na principal preocupação da humanidade.

Passou um mês e a guerra está cada dia pior.

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