Ucrânia não quer Mário Machado na legião internacional. "Queremos impedir a infiltração de criminosos"

23 mar 2022, 10:20
Mário Machado

Adido militar da embaixada da Ucrânia em França diz que cadastro do nacionalista o impede de se juntar às milícias

Um funcionário da embaixada da Ucrânia em França garante que Mário Machado não pode ser aceite na Legião Internacional de Defesa Territorial das Forças Armadas da Ucrânia. Em entrevista ao Diário de Notícias, o coronel Sergii Malyk, adido militar da embaixada, afirma que o país quer "impedir a infiltração de elementos criminosos e não confiáveis na Ucrânia e nas suas Forças Armadas".

O coronel Sergii Malyk diz ainda que o nome do nacionalista será transmitido "a todos os serviços" e explica que, para que se possa combater na Ucrânia, o principal critério é a ausência de condenação por crimes, comprovada através do registo criminal, critério que Mário Machado não cumpre.

Recorde-se que Mário Machado esteve ligado a diversas organizações de extrema-direita, como o Movimento de Ação Nacional, a Irmandade Ariana e o Portugal Hammerskins, a ramificação portuguesa da Hammerskin Nation, um dos principais grupos neonazis e supremacistas brancos dos Estados Unidos da América. Fundou também os movimentos Frente Nacional e Nova Ordem Social, que liderou de 2014 até 2019. O nacionalista tem também um registo criminal marcado por várias condenações, entre as quais a sentença, em 1997, a quatro anos e três meses de prisão pelo envolvimento na morte, por um grupo de ‘skinheads’, do português de origem cabo-verdiana Alcindo Monteiro na noite de 10 de junho de 1995.

Ao Diário de Notícias, o adido da embaixada ucraniana em França faz mesmo um apelo: "Se sabem de pessoas deste tipo que queiram ir para a Ucrânia digam. Não queremos indivíduos deste género no nosso país."

No entanto, apesar de confirmar que cadastrados não podem combater pela Ucrânia, o coronel não explica como é que é feita a verificação pelas autoridades ucranianas. Mas garante que Mário Machado não se conseguirá juntar nem à legião internacional, nem à milícia de extrema-direita na zona de Lviv.

"Isso não é possível. Não pode juntar-se a milícia nenhuma. Não, não, isso não acontece."

No início deste mês, Mário Machado anunciou na sua conta na aplicação Telegram que iria deslocar-se à Ucrânia, juntamente com outras 20 pessoas, no que designou “Operação Ucrânia1143”. Na sexta-feira, o advogado de Mário Machado disse ao Público que o seu cliente partiria ainda naquele dia para a Ucrânia “integrado num grupo de 20 pessoas, entre portugueses e brasileiros”.

No mesmo dia, o jornal Expresso avançou que Mário Machado já não está obrigado a cumprir a medida de coação de apresentações quinzenais numa esquadra de polícia, tendo a decisão sido tomada no seguimento de um pedido interposto pelo seu advogado, para que este possa deslocar-se à Ucrânia. Segundo a decisão judicial, um juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal considerou que perante “a situação humanitária vivida na Ucrânia e as finalidades invocadas pelo arguido para a sua pretensão, o arguido poderá deixar de cumprir a referida medida de coação enquanto estiver ausente no estrangeiro”.

Mas, esta segunda-feira, o Ministério Público anunciou que vai recorrer da decisão judicial que levanta as medidas de coação a Mário Machado para que este possa ir para a Ucrânia combater, segundo confirmou fonte da Procuradoria-Geral da República à TVI/CNN Portugal. 

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