Mariupol "à beira de uma catástrofe". Ucranianos comparam cerco russo ao nazi

3 mar 2022, 16:17
Destruição na cidade de Mariupol (Evgeniy Maloletka/AP)

É uma das cidades mais importantes da guerra e os ataques têm sido feitos sobretudo a infraestruturas. O governo ucraniano acusa a Rússia de estar a impedir a saída de civis. Autarquia pede ajuda militar para poder ganhar a guerra

O porto a sul da cidade de Mariupol está cercado por tropas russas. Quem o diz é o conselheiro do ministro do Interior, que fala sobre uma cidade que tem uma importância estratégica na guerra. É que Mariupol é um dos acessos mais importantes da Ucrânia ao Mar Negro, além de estar situada exatamente no meio da Península da Crimeia e da região de Donbass, ambas controladas por forças russas.

“Os ocupantes querem transformar isto numa Leninegrado sitiada”, afirmou Anton Herashchenko, em declarações citadas pela agência Reuters, e nas quais se refere ao cerco da Alemanha nazi àquela cidade soviética, que durou dois anos e resultou na morte de 1,5 milhões de pessoas.

O autarca da cidade faz a mesma comparação, e acusa o exército russo de atacar as linhas ferroviárias, impedindo os civis de deixarem o local. Vadym Boichenko disse ainda que os constantes ataques sofridos nas últimas horas cortaram o fornecimento de água e de energia, acrescentando que é necessário um cessar-fogo para resolver a situação.

“Os invasores estão sistemática e metodicamente a tentar bloquear a cidade de Mariupol”, sublinhou.

Ainda assim, e de acordo com o que disseram fontes da Guarda Nacional Ucraniana à CNN, o exército não se vai render, ainda que reconheça uma situação que “continua difícil”.

Um porta-voz daquela força de segurança assegura que, em conjunto com as forças armadas, a defesa da cidade vai continuar efetiva.

“O exército ucraniano não vai render a cidade e vai atacar as forças ocupantes. O exército também vai continuar a destruir os grupos de sabotagem inimigos na periferia de Mariupol”, acrescentou a fonte.

A Guarda Nacional fala mesmo em “bombardeamentos constantes” na cidade, alguns dos quais com o objetivo de destruir infraestruturas, como é o caso da ferrovia, situação que se tem verificado noutras cidades. Em Kiev, por exemplo, uma torre de televisão foi atacada, enquanto que em Kharkiv um dos alvos foi o edifício da câmara municipal.

Também à CNN, o vice-presidente de Mariupol descreveu a situação como “crítica”, falando em mais de 26 horas seguidas de bombardeamentos à cidade. Serhiy Orlov diz mesmo que a cidade está "à beira de uma catástrofe humana".

Sobre o número de vítimas civis, o autarca fala em cerca de 200 mortos, mas refere que os dados podem ser mais dramáticos "porque nunca conseguimos recolher todos os corpos".

"Pedimos ajuda do exército e estamos à espera de ajuda militar. Estou certo de que conseguimos lutar vários dias, mas se recebermos ajuda podemos ganhar esta guerra", afirmou.

Sobre o poderio russo, Serhiy Orlov referiu à BBC que estão a ser utilizadas todas as armas, desde "artilharia, vários sistemas de lançamento de mísseis, aviões ou mísseis táticos". O autarca resume tudo a uma ideia: "Eles estão a tentar destruir a cidade".

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