Confrontação bélica em Kiev e Kharkiv e um encontro tenso nas Nações Unidas marcaram a esta segunda-feira
Após seis horas, terminaram as negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, que decorreram em Gomel, na Bielorrússia, sem que se tenha registado um avanço. Numa publicação no Twitter, o conselheiro presidencial Mikhailo Podolyak afirmou que as negociações são "muito difíceis” e acrescentou que o lado russo continua "extremamente enviesado".
Já o homólogo russo, Vladimir Medinsky, disse que um novo encontro vai decorrer "em breve" na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia. Ainda assim, nenhuma das partes partilhou publicamente o resultado concreto destas conversações.
Logo após o final das negociações, uma violenta explosão abalou os subúrbios de Kiev. Também esta tarde, violentos bombardeamentos em zonas residenciais de Kharkiv provacaram 11 mortos e “centenas de feridos”, segundo o assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, Anton Gerashenko.
⚡️ A powerful explosion near Kyiv tonight reportedly in the area of Brovary and Solomenka. pic.twitter.com/BiiONR2OTs
— Ragıp Soylu (@ragipsoylu) February 28, 2022
Esta segunda-feira ficou também marcada por uma Assembleia-Geral da ONU sobre o conflito, durante a qual os embaixadores ucraniano e russo trocaram violentas acusações.
Sergiy Kyslytsya, pela Ucrânia, comparou a Rússia ao Terceiro Reich e sugeriu a Vladimir Putin que fizesse o mesmo que Adolf Hitler fez no final da II Guerra Mundial. Kyslytsya revelou também uma troca de mensagens entre um soldado russo e a sua mãe antes de este morrer em combate. O embaixador russo, Vasily Nebenzya, falou em “muitas provocações” da Ucrânia, que “sabotou e desprezou” os Acordos de Minsk, assinados em 2015.
Também esta tarde o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky assinou o pedido formal de adesão à União Europeia por parte da Ucrânia e a Suíça, contrariando a sua habitual posição neutral, anunciou que se iria juntar à União Europeia e aplicar todas as sanções que o bloco dos 27 implementou.
No mundo do desporto, a FIFA e a UEFA decidiram suspender os clubes e seleções russas de todas as competições. A confederação europeia foi mais longe e terminou mesmo o contrato que tinha com a Gazprom, que patrocinava a Liga dos Campeões há quase 10 anos. A Federação Mundial de Taekwondo também se manifestou, retirando o cinturão negro honorífico a Vladimir Putin.
O Comité Olímpico Internacional, num desenvolvimento algo surpreendente, recomendou às organizações que regem cada desporto para banirem os atletas russos e bielorrussos de todas as competições internacionais.
Na tarde desta segunda-feira, o ministério da Defesa ucraniana fez também dois anúncios importantes: um sobre o vencimento de cada membro das forças armadas, que vai aumentar para 100 mil grívnias, pouco mais de três mil euros, e outro que promete 43 mil euros a cada soldado russo que se entregar.
"Aqueles que não se querem tornar assassinos e morrer podem salvar-se", comunicou aquele Ministério numa publicação nas redes sociais.
Por fim, a forte ajuda militar do Ocidente continua a chegar à Ucrânia. Finlândia, Itália e Noruega, esta última contrariando uma política de neutralidade seguida desde os anos 50, anunciaram que enviaram armas e munições para as forças armadas ucranianas.