New York Times denuncia uso de bombas de fragmentação pelas forças da Ucrânia

19 abr 2022, 10:48
Uma mulher fala com soldados ucranianos na cidade de Mariupol. Foto: Alexander Nemenov/AFP via Getty Images

Até agora, havia provas de que o lado russo estava a recorrer a bombas de fragmentação, proibidas por uma resolução da ONU. Mas os repórteres da publicação norte-americana verificaram no terreno que também o exércitio ucraniano usou este tipo de armamento para recuperar região tomada pelas forças da Federação Russa

O New York Times diz ter recolhido provas de que a Ucrânia usou bombas de fragmentação para recuperar o controlo da localidade de Husarivka, no leste do país, quando esta região estava sob domínio russo. 

A Rússia tem sido acusada de recorrer a este tipo de armamento, altamente letal e proibido por uma resolução das Nações Unidas aprovada em 2008. Apesar de o Kremlin negar o uso destas bombas, as autoridades ucranianas dizem já ter recolhido provas de que as tropas russas as lançaram sobre alvos não militares. Porém, esta é a primeira vez que se coloca a possibilidade de também as forças ucranianas estarem a usar armamento proibido na ofensiva contra Moscovo. 

As bombas de fragmentação, descritas de forma simplista, são bombas que carregam dentro outras bombas e que, ao explodirem, espalham-se e fragmentam-se, provocando novas explosões. Muitas vezes, ficam por detonar, caídas por terra, explodindo depois à passagem de civis, ou quando são deslocadas por quem desconhece o perigo que representam.

Segundo o New York Times, as tropas russas tomaram Husarivka nos primeiros dias de março, ocupando edifícios nos arredores da localidade e próximos do centro. O exército ucraniano procurou recuperar Husarivka à força de bombardeamentos constantes e os fragmentos de uma das armas utilizadas aterraram próximos da casa de Yuri Doroshenko, nas imediações do quartel-general improvisado pelos russos, que seria o alvo dos militares da Ucrânia. Foram estas bombas de fragmentação, perto da casa de Doroshenko, que foram observadas pelos jornalistas da publicação norte-americana, que chegaram o mais próximo possível sem manusear os fragmentos, devido ao risco de explosão.

As bombas terão sido usadas logo no início de março, de acordo com a investigação dos repórteres do New York Times, quando os ucranianos tentavam a todo o custo recuperar o controlo da região. Para além das bombas descobertas próximas da casa de  Yuri Doroshenko, num bairro residencial, outras estavam alojadas num campo próximo do quartel-general dos russos: caíram junto de um pequeno aglomerado de casas térreas com jardim. 

O ataque em Husarivka, segundo o New York Times, parece ser a primeira utilização deste tipo de munições pelos ucranianos desde o início da invasão russa, mas em 2015 as forças de Kiev tinham já utilizado bombas de fragmentação nos primeiros meses de conflito contra os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, assinala a publicação. O controlo de Husarivka acabou por ser recuperado pela Ucrânia a 26 de março.

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