M270: o "sistema de ponta" que a Ucrânia vai receber e que pode ter "efeitos devastadores" para a Rússia

6 jun 2022, 19:07
MLRS (AP Images)

Consegue disparar 18 rockets por minuto e pode ter "efeitos devastadores" até 80 km. Esta é a arma que o Reino Unido vai enviar para a Ucrânia

“Vamos atacar alvos que ainda não tínhamos atacado”, ameaçou Vladimir Putin numa entrevista à televisão estatal Rossiya-1, quando questionado acerca da entrega de lançadores múltiplos de rockets montados em veículos blindados ligeiros por parte do Ocidente. As declarações do presidente russo parecem não ter sido suficientes para intimidar o Reino Unido que, esta segunda-feira, anunciou que vai enviar vários destes sistemas para a Ucrânia.

Em causa está o M270, uma plataforma móvel que lança múltiplos rockets a longas distâncias e com grande precisão. As distâncias a que esta arma pode atingir variam, mas, de acordo com a imprensa britânica, o Reino Unido vai fornecer os mísseis M31A1, que transportam uma carga explosiva de 90 kg e um alcance de 80 km.

A distância que estas armas têm capacidade de atingir tem sido um dos principais temas de debate nos meios militares ocidentais, uma vez que, em teoria, permitem à Ucrânia atacar várias cidades no interior do território russo, como Kursk ou Belgorodo. 

O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, defende que esta decisão foi tomada como reação às “mudanças táticas russas” no terreno e descarta a hipótese de a Ucrânia utilizar estas armas contra o território russo. O governo britânico acredita que estes “sistemas de ponta” poderão ajudar as tropas ucranianas da região do Donbass, depois de a Ucrânia ter demonstrado alguma incapacidade de atingir a artilharia russa que ataca as linhas defensivas ucranianas.

“Estes sistemas de lançamento múltiplo de rockets altamente capazes vão permitir que os nossos amigos ucranianos protejam-se melhor contra o uso brutal de artilharia de longo alcance, que as forças de Putin usaram indiscriminadamente para arrasar cidades”, afirmou Wallace num comunicado.

Apesar de se referirem a este sistema como “tecnologia de ponta”, o M270 foi desenvolvido nos anos 70, nos Estados Unidos da América, e deixou de ser produzido em 2003. A distância a que estes sistemas podem atacar varia com a munição. A munição mais “básica” acerta com uma salva de explosões num raio de 32 km, no entanto, as munições que vão ser entregues pelo Reino Unido vão permitir que a Ucrânia acerte com bastante precisão alvos até 80 km de distância.

Foram utilizados com efeitos devastadores durante a operação “Tempestade no Deserto”, a primeira invasão americana do Iraque, onde uma bateria composta por três lançadores disparou 287 rockets contra 24 alvos diferentes em menos de cinco minutos. Um batalhão de artilharia demoraria uma hora a atingir este número de disparos.

EUA anunciam envio do Himars

A Ucrânia aguarda, ainda, a entrega de sistemas de mísseis mais avançados, prometidos pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e espera que essa remessa de novas armas altere o equilíbrio de forças contra a Rússia no leste do país.

Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira que iriam enviar à Ucrânia quatro sistemas Himars (lançadores múltiplos de rockets montados em veículos blindados ligeiros) e ainda mais 1.000 mísseis Javelin antitanque e quatro helicópteros Mi-17 como parte de um novo pacote de ajuda militar.

O subsecretário norte-americano da Defesa, Colin Kahl, informou que as forças ucranianas irão precisar de cerca de três semanas de treino para utilizar os Himars, lança-mísseis guiados de alta mobilidade, que podem dar aos ucranianos uma vantagem de distância e precisão na batalha pelo Donbass.

Vários países prestaram assistência militar à Ucrânia na sua defesa contra a invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro, sempre com a ressalva de não se tornarem eles próprios beligerantes.

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