Exército do Reino Unido está a ficar "limitado" por causa do treino às tropas ucranianas

11 set, 09:37
Operação Interflex (Justin Tallis/AFP via Getty Images)

Relatório aponta problemas graves e alerta que a prontidão das Forças Armadas britânicas pode estar em causa

A capacidade militar do Reino Unido foi seriamente afetada pelo mais recente apoio do país à Ucrânia. A conclusão é do Gabinete Nacional de Auditorias (NAO, na sigla original), que apresentou um novo relatório esta sexta-feira.

De acordo com o documento, o Ministério da Defesa do Reino Unido admite que a capacidade militar do país ficou “limitado”, nomeadamente no treino de novos soldados, uma vez que há menos disponibilidade para treinar os novos recrutas, já que o foco do treino está, atualmente, na preparação de soldados ucranianos.

“O Ministério da Defesa reconheceu que a Interflex [operação de treino dos soldados ucranianos] vai limitar a capacidade do exército de treinar os seus próprios soldados”, indica o relatório.

De resto, e apresentado um exemplo mais concreto, o NAO indica que os pedidos para treinos estão a ser oito vezes mais rejeitados agora do que antes da guerra, já que cerca de um quarto dos responsáveis de recrutamento estão a ser utilizados naquele programa, onde participam mais de 45 mil ucranianos.

Apesar disso, e ainda antes de ser conhecido o relatório, o ministro britânico da Defesa, John Healey, anunciou recentemente que o programa Interflex deve continuar no próximo ano, o que deixa as autoridades britânicas responsáveis pelo exército em sobressalto.

A dificuldade no treino das tropas ucranianas obrigou mesmo, no início deste ano, a transferir uma das operações para outro país. Com efeito, a Operação Interforge, destinada a treinar fuzileiros ucranianos, teve de passar do Reino Unido para os Países Baixos. O relatório da NAO refere que “a utilização das instalações do Reino Unido estava a ameaçar comprometer as próprias necessidades dos fuzileiros britânicos”.

Mas não é apenas a nível operacional que o país enfrenta dificuldades, que também chegam ao campo monetário. Só a reposição do material enviado para a Ucrânia vai custar mais do que o valor de todo esse material, numa discrepância que o Ministério da Defesa justificou com a necessidade de comprar novo equipamento, em alguns casos mais avançado do que o enviado.

Mais de 42 mil soldados ucranianos já foram treinados no Reino Unido desde 2022, sendo que 89% deles, de acordo com o relatório, garantiram ter ficado mais-bem preparados no fim do curso.

“À medida que o Ministério da Defesa planeia o seu futuro apoio à Ucrânia, deve continuar a equilibrar os interesses estratégicos e manter as suas próprias capacidades”, referiu o diretor da NAO, Gareth Davies, na conclusão do relatório.

Isso mesmo inclui, segundo o responsável, a garantia de que há armazenamento suficiente e capacidade de treino disponível para garantir a prontidão das forças britânicas.

Em reação ao relatório da NAO, e citado pelo The Telegraph, o Ministério da Defesa do Reino Unido garantiu que “as forças britânicas têm acesso ao treino requerido na prontidão necessária para proteger o Reino Unido e cumprir os requisitos da NATO”.

Europa

Mais Europa

Patrocinados