Major General Agostinho Costa diz que não há dúvidas: se um caça russo passar a fronteira da Ucrânia para um país da NATO, é imediatamente abatido. E explica por que razão há um aeroporto na Ucrânia que estará a salvo de um ataque
A explicação está na localização. Basta ver o mapa acima: fica tão perto da fronteira da Ucrânia com a Eslováquia, um país da NATO, que os russos não ousarão bombardeá-lo, sob pena de criarem um incidente internacional que faça escalar o conflito atual. E isso pode fazer toda a diferença para o país invadido.
Trata-se do aeroporto de Uzhorod. “A cabeceira da pista termina quase na fronteira com a Eslováquia”, explica o major general Agostinho Costa em entrevista à CNN Portugal. “É a partir daí que têm saído aeronaves da Ucrânia, mas se os russos tomarem esta base como um alvo, pode haver uma situação de violação do espaço aéreo da NATO. Creio que é por isso que os russos ainda não o bombardearam”, ao contrário do que já aconteceu com outros aeroportos.
“O espaço aéreo está fechado – tirando esta cidadezinha. Quem está a fazer isto ao nível do comando militar sabe que se os russos vierem aqui bombardear têm um enorme risco. Por isso é que esta é a pista que os ucranianos estão a utilizar para se movimentarem, para saírem aeronaves, porque é aquela que lhes dá uma garantia de segurança, os russos não vão bombardear aqui. Eles têm armas de precisão, mas se falha o alvo, cai um míssil e podemos ter a Terceira Guerra Mundial.”
O que temos estado a ver noutros aeroportos são “ataques em profundidade contra aquilo que são as linhas logísticas do exército ucraniano, que não pode ser abastecido pelo ar, não pode rebastecido por mar, não pode ser reabastecido pelo norte e pela parte oriental porque são partes hostis, portanto são reabastecidas pela parte ocidental. E daí que tenhamos assistido a bombardeamentos da zona de Yavoriv e Ivano-Frankivsk.”
Serão estes bombardeamentos provocações à NATO?
“Não creio que sejam provocações”, responde o major general Agostinho Costa. “É estratégico, a nível operacional. O Kremlin sabe que todo o reabastecimento do exército ucraniano, que está a combater no terreno - precisa de munições e armas, de rações de combate de comida – está a vir do Ocidente.”
Considerando que “não há qualquer risco de haver um ataque à Polónia”, Agostinho Costa admite sim que pode haver risco de um avião russo passar a fronteira da Ucrânia para um país da NATO. Mas se isso acontecer, o avião “será abatido”.
“Os americanos instalaram mísseis Patriot na Polónia, se um avião entrar no espaço aéreo da NATO, um míssil Patriot abate-o. É a estrutura militar da NATO que controla o espaço aéreo. Os russos sabem-no”, conclui.
