"Especulação", diz o Governo de Zelensky; "fatores ambientais", escreve a Reuters. Houve ou não envenenamento de Abramovich e de negociadores ucranianos?

28 mar 2022, 20:02

Notícia foi avançada inicialmente pelo Wall Street Journal: Abramovich e negociadores ucranianos revelaram sintomas de envenenamento. O Governo ucraniano reagiu: não diz taxativamente que não houve, fala em "especulação". Reuters avança com mais dados, numa informação em que são mencionadas fontes norte-americanas

O The Wall Street Journal (WSJ) avançou esta segunda-feira que o oligarca russo Roman Abramovich e outros dois negociadores ucranianos apresentaram sintomas que podiam indiciar uma tentativa de envenenamento após uma reunião em Kiev, na Ucrânia, no início deste mês. Mas o governo ucraniano já veio dizer que se trata de "especulação", que os negociadores ucranianos estão a "trabalhar normalmente", mas nunca diz diz taxativamente que a informação é falsa.

O contexto em que isto acontece não é irrelevante. No início do mês, mais concretamente a 3 de março, as delegações russas e ucranianas voltavam novamente à mesa de negociações, na Bielorrússia, após um ronda falhada a 28 de fevereiro. Nesta altura tinha passado precisamente uma semana desde o início da guerra. Putin ainda acreditava que era possível conquistar toda a Ucrânia num curto espaço de tempo. No entanto, já passou mais de um mês e isso não aconteceu. O que pode indiciar que o plano A do presidente russo falhou. Pelo menos no que às operações militares diz respeito. 

Reuters avançou entretanto que um oficial dos Estados Unidos confirmou, sob anonimato, que o mal-estar sentido pelo oligarca russo e pelos negociadores ucranianos foi provocado por um "fator ambiental" e não por envenenamento. Esta fonte cita os serviços de informação norte-americanos. Mas o "fator ambiental" é um conceito vago e os Estados Unidos não avançaram com mais explicações. 

Esta segunda-feira, as delegações russa e ucraniana arrancavam com mais um ronda de negociações, desta vez na Turquia, mas esse arranque foi adiado para esta terça-feira. Como se sabe, o presidente Recep Tayyip Erdogan tem sido um dos principais mediadores internacionais desta guerra. 

O que escreveu o Wall Street Journal

O oligarca russo Roman Abramovich e outros negociadores ucranianos apresentaram sintomas que podem indiciar uma tentativa de envenenamento. A notícia foi avançada pelo The Wall Street Journal (WTJ). A indisposição terá surgido depois de uma reunião em Kiev, na Ucrânia, no início deste mês.

De acordo com o mesmo jornal, que cita fontes familiarizadas com o tema, os sintomas passavam por olhos vermelhos, lacrimejar constante e doloroso e descamação da pele na zona do rosto e mãos. Em causa estão o dono do Chelsea e pelo menos dois outros negociadores seniores da equipa ucraniana. 

Uma outra fonte disse ao The Guardian que Abramovich "perdeu a visão durante várias horas" e terá sido "tratado na Turquia". O jornalista Shaun Walker partilhou essa informação no Twitter. 

Esta suspeita de envenenamento está a ser apontada a Moscovo como tentativa de sabotar as negociações de paz, mas até ao momento o Kremlin não fez qualquer comentário quanto a estas acusações.

O WSJ explica ainda que os sintomas já terão melhorado, mas que continua por explicar a origem dos mesmos - se se tratou de um agente biológico, químico ou um produto radiotivo. Nenhum dos afetados corre perigo de vida. 

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também terá participado neste encontro em Kiev, não tendo sido afetado por este alegado envenenamento.

Abramovich, que formalmente ainda é proprietário do clube de futebol londrino Chelsea (o clube vai ser vendido), está entre os vários milionários que foram incluídos na lista de sanções da União Europeia e do Reino Unido e que viu vários bens serem apreendidos, entre os quais iates e bens de luxo. O Canadá e a Austrália também decidiram impor-lhe sanções pela sua proximidade ao Kremlin.

O oligarca russo continua em parte incerta. Sabe-se apenas que o iate Solaris, que lhe tem sido atribuído, está atualmente atracado no porto de Bodrum, na Turquia

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