“É de doidos”. Ucranianos ficam chocados com radioatividade “anormalmente elevada” em Chernobyl após retirada russa

9 abr 2022, 21:39
Central nuclear de Chernobyl (Maxar Technologies)

Russos terão cavado trincheiras na zona que envolve a central nuclear de Chernobyl, na zona mais contaminada com radiações radioativas. Do chão, onde essa toxicidade é maior, trouxeram poeiras e partículas para a sala onde viviam

Na sala da central nuclear de Chernobyl onde os soldados russos viviam, é possível agora ouvir um sinal de alerta: o som do medidor da radiação radioativa apita quando se entra, porque os níveis estão mais altos do que o que seria normal.

O cenário foi explicado à CNN Internacional pelas autoridades ucranianas, que voltaram a ter o controlo da central, após um mês de guerra. Para perceber a fonte do material radioativo exige-se atenção, porque a sua fonte não é imediatamente visível: é proveniente de pequenas partículas e poeiras que os soldados trouxeram para as instalações.

E de onde vieram estas partículas e poeiras? Da Floresta Vermelha, que circunda a unidade onde aconteceu o desastre nuclear de 1986. É considerada a área mais contaminada no planeta, estando a maioria das partículas radioativas presentes no chão. E o cenário ganha consistência porque a Ucrânia revelou, há dias, imagens de drone do que terão sido trincheiras cavadas pelos russos em Chernobyl.

“Foram para a Floresta Vermelha e trouxeram material radioativo com eles nos sapatos. A radiação aumentou aqui, porque estavam a viver nesta sala”, explicou o soldado Ihor Ugolkov. À CNN, os funcionários da central concretizaram que os níveis dentro da sala onde os russos estavam a viver estão apenas um pouco acima do que é descrito como a radiação natural: um único contacto não é perigoso mas a exposição continuada representa um risco.

Medições preocupam na Floresta Vermelha

Mas a preocupação ucraniana com os efeitos de um mês de gestão russa em Chernobyl é bem real. O chefe da agência nuclear da Ucrânia visitou uma das secções da zona de exclusão da Floresta Vermelha, onde verificou a existência de radioatividade “anormalmente elevada”. A informação foi também avançada pela CNN, que citou a empresa de energia nuclear ucraniana Energoatom e explicou que os russos atuavam neste território.

As indicações apontam para radiações 10 a 15 vezes acima do normal. Já radiação que pode ter surgido a partir do solo poderá ter sido até 160 vezes acima do recomendado.

Estas duas avaliações, na sala onde viviam os russos e na zona de exclusão, são apresentadas pelos ucranianos como provas do comportamento descuidado e negligente dos russos na gestão da central nuclear desativada. “É de doidos, realmente”, classificou o ministro da Energia ucraniano German Galushchenko à CNN.

Os funcionários da central nuclear só puderam sair, em regime de rotação, um mês depois dos russos terem assumido o controlo. Foi o caso de Volodymyr Falshovnyk, que conta a grande pressão com que o pessoal trabalhava, acentuadas pela falta de informação sobre o que se estava a passar nas cidades onde viviam. Segundo este funcionário, os russos saquearam as instalações, levando roupas, produtos de higiene e outros artigos pessoais dos trabalhadores.

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