Nova cedência à Rússia? Ucrânia disponível para "falar sobre a neutralidade sob certas condições"

9 mar 2022, 16:25
Guerra na Ucrânia (AP)

Após Zelensky ter manifestado a intenção de desistir da adesão à NATO, agora foi a vez do porta-voz da presidência, Ihor Zhovkva, revelar outra disponibilidade de Kiev para o processo negocial

Depois do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter dado o primeiro passo, no sentido de ceder às exigências russas na tentativa de um cessar-fogo, também o vice-chefe do gabinete da presidência da Ucrânia, Ihor Zhovkva, revelou a disponibilidade de Kiev para discutir a neutralidade durante o processo negocial. Recorde-se que esta é uma das exigências de Putin para discutir o cessar-fogo.

Esta terça-feira à noite, Ihor Zhovkva deu uma entrevista ao canal televisivo alemão ARD, em que garantiu que a Ucrânia não aceitará ultimatos por parte da Rússia, mas que "o resto pode ser discutido", dando como exemplo o estatuto neutral do país.

"Podemos falar sobre a neutralidade da Ucrânia sob certas condições", disse Zhovkva, em entrevista à ARD.

A única garantia para os ucranianos pedida pelo porta-voz da presidência seria o fim imediato das hostilidades e a retirada das tropas russas do território ucraniano.

A "neutralidade" da Ucrânia é uma das exigências que a Rússia tem colocado em cima da mesa para terminar a invasão, assim como a proibição do país entrar na NATO.

Já na segunda-feira, Zelensky disse que admitia a hipótese de desistir da adesão do seu país à NATO, assim como discutir as alterações ao estatuto da Crimeia e dos territórios separatistas de Donetsk e Luhansk.

“Podemos debater e chegar a um compromisso”, disse, em entrevista ao canal americano ABC. "A aliança tem medo de tudo o que seja controverso e de um confronto com a Rússia", explicou Zelensky, acrescentando que não quer ser o presidente de um "país que implora de joelhos" por uma adesão à NATO, mas que também afirmou que não vai aceitar ultimatos, explicando ser necessário que Putin inicie o diálogo.

"Quanto à NATO, moderei a minha posição sobre esta questão há algum tempo, quando percebi que a NATO não estava pronta para aceitar a Ucrânia", disse o líder ucraniano.

Recorde-se que, por várias vezes, o presidente russo Vladimir Putin disse que a adesão da Ucrânia à NATO constituía uma ameaça para os interesses de Moscovo, tendo exigido ao Ocidente que não expandisse a sua zona de influência militar junto das suas fronteiras.

O presidente russo também reconheceu as duas autoproclamadas repúblicas separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, exigindo que Kiev também as reconheça.

Recorde-se que a Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que responde com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e financeiras à Rússia.

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