Homem mais rico da Ucrânia promete ajudar a reconstruir Mariupol

16 abr 2022, 18:21
Rinat Akhmetov

Rinat Akhmetov chegou a ser apoiante de Viktor Yanukovych, ex-presidente pró-russo, mas agora elogia a “paixão e o profissionalismo” de Zelensky. Akhmetov quer um “Plano Marshall” para a reconstrução da cidade mártir da Ucrânia

Sete semanas de guerra e intensos bombardeamentos transformaram a importante cidade ucraniana de Mariupol numa cidade mártir, arrasada pelos ataques das tropas russas. A cidade está sitiada e a destruição em toda a parte, com as autoridades ucranianas a falarem em mais de 20 mil civis mortos. É uma tragédia humana ainda sem fim à vista, mas há quem já olhe para o futuro e pense na reconstrução pós-guerra. Falamos de Rinat Akhmetov, nem mais nem menos do que o homem mais rico da Ucrânia, que quer ajudar a cidade portuária a reerguer-se.

Com uma fortuna avaliada em cerca de 5 mil milhões de euros, Akhmetov é dono de uma "holding' ('SCM Holdings'), que opera em vários setores -  indústria metalúrgica, energia, banca e telecomunicações - e detém o clube de futebol Shakhtar Donetsk. O grupo tem duas fábricas metalúrgicas em Mariupol, uma das quais, a Metinvest, é a maior de toda a Ucrânia. Não é por isso de estranhar que os negócios do milionário tenham sido fortemente abalados pela guerra. De resto, a Metinvest já anunciou que não vai conseguir cumprir os contratos com os fornecedores. Mais, num comunicado divulgado na sexta-feira, a empresa fez saber que nunca iria operar sob ocupação russa.

Além de importante cidade portuária, Mariupol era também o coração da indústria metalúrgica do leste ucraniano. Mas desde que começou a invasão, a cidade perdeu mais de um terço da capacidade de produção metalúrgica.

Akhmetov fala numa "tragédia global" em Mariupol, mas reitera que o seu grupo empresarial está pronto para desempenhar “um papel importante na reconstrução da Ucrânia após a guerra”.

"A minha ambição é regressar a Mariupol e implementar os nossos planos de produção para que a capacidade de produção de aço da cidade possa voltar a competir no mercado global", afirmou, numa resposta por escrito à agência Reuters.

O empresário, que não revelou o seu paradeiro, mostra-se confiante de que os soldados ucranianos vão conseguir defender a cidade e sair vitoriosos, mas reconhece que vai ser necessário um programa de apoio internacional sem precedentes, tal como aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, com o Plano Marshall.

"Vamos precisar definitivamente de um programa internacional de reconstrução sem precedentes, um Plano Marshall para a Ucrânia. Acredito que vamos conseguir reconstruir uma Ucrânia livre, europeia, democrática e bem sucedida após a vitória nesta guerra.”

Akhmetov chegou a ser apoiante do ex-presidente pró-russo Viktor Yanukovych e, em novembro do ano passado, Volodymyr Zelensky acusou-o de estar envolvido num plano russo para promover um golpe de Estado. O homem mais rico da Ucrânia sempre refutou as acusações, afirmando que eram “uma absoluta mentira”, e agora até elogia a “paixão e o profissionalismo” de Zelensky. 

Desde a anexação da Crimeia e das regiões do leste de Donetsk e Lugansk, o império de Akhmetov tem vindo a encolher a olhos vistos. A fortuna do milionário chegou a superar os 14 mil milhões de euros e agora ronda cerca de 5 mil milhões, de acordo com os dados da revista Forbes.

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