Rússia diz que mais de mil militares ucranianos se renderam em Mariupol, Ucrânia nega - mas soldado britânico confirma

António Guimarães , com Lusa
13 abr 2022, 11:39

Tomar Mariupol permitiria aos russos consolidar os seus ganhos territoriais na faixa costeira ao longo do Mar de Azov, ligando a região de Donbass à península da Crimeia, que os russos anexaram em 2014

Mais de mil militares da Ucrânia renderam-se às forças russas em Mariupol, cidade cercada há semanas, disse esta quarta-feira o Ministério da Defesa da Rússia. "Na cidade de Mariupol, na área da metalúrgica Ilyich (…), 1.026 militares ucranianos da 36.ª brigada de infantaria da Marinha depuseram voluntariamente as armas e renderam-se", disse o ministério russo num comunicado. Segundo a mesma fonte, 150 militares ficaram feridos e foram tratados no hospital de Mariupol.

Durante a madrugada, uma reportagem da televisão pública russa transmitida no Rossiya 24 anunciou a rendição de mais de mil soldados ucranianos em Mariupol. As filmagens mostraram homens em uniformes de camuflagem a carregar feridos em macas ou a ser interrogados em pé no que parece ser um porão.

A Ucrânia nega a rendição dos seus militares, afirmando desconhecer a informação. No entanto, a BBC dá conta de que um jovem britânico que estava a combater no local, ao lado dos ucranianos, informou a mãe de que teria de se render às forças russas. Aiden Aslin, que está a lutar na Ucrânia desde 2018, ano em que incorporou os fuzileiros ucranianos, disse à mãe que não tinha outra escolha: "Ele ligou-me e disse que não tinham mais armas para lutar", refere Ang Wood.

Na terça-feira, as autoridades regionais do sudeste da Ucrânia estimaram em pelo menos 20 mil mortos o número de vítimas em Mariupol, bombardeada por mais de 40 dias. A luta está agora concentrada na gigantesca zona industrial da cidade.

Tomar Mariupol permitiria aos russos consolidar os seus ganhos territoriais na faixa costeira ao longo do Mar de Azov, ligando a região de Donbass à península da Crimeia, que os russos anexaram em 2014.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior. A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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