Ministro da Defesa de Israel anunciou a entrada em estado de emergência e espera-se uma retaliação imediata de Teerão, onde foram ouvidas várias explosões
Primeiro ouviram-se várias explosões em Teerão, onde as janelas e portas das casas tremeram. Depois, do outro lado, as sirenes começaram a tocar em Jerusalém e noutras cidades de Israel.
Minutos depois, o ministro israelita da Defesa esclarecia o que se passava: era um “ataque preventivo” de Israel contra o Irão e a consequente preparação do Estado hebraico para uma resposta do inimigo. É um cenário particularmente plausível, já que o Irão responde sempre aos ataques de Israel, mas deverá, com toda a certeza, querer responder a este ataque em concreto.
Israel Katz anunciou que Israel está já em situação de emergência e espera uma resposta “imediata” do Irão, admitindo que essa retaliação pode chegar por via de um ataque com mísseis e drones.
Na sequência do que disse o ministro da Defesa, as Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram uma mudança na política de defesa interna. “Depois de uma avaliação foi decidido que a partir das 03:00 haverá uma mudança imediata na política de defesa”, foi anunciado.
Entre as medidas a implementar está a decisão de mudar o modo de atividade de todas as regiões do país, o que se aplica a todas as atividades, incluindo escolares ou laborais.
De acordo com o The New York Times, foi numa transmissão em direto na aplicação Clubhouse que foi possível perceber que havia explosões a acontecer. Mais de mil iranianos ouviam um fórum de discussão sobre diplomacia e Estados Unidos quando os ataques começaram. Pouco depois, a televisão estatal do Irão confirmava esse mesmo cenário.
Um dos participantes daquele mesmo fórum, Farhad Khorrami, que vive em Teerão, confirmou que foram vistos vários clarões no céu e ouvidas várias explosões na cidade.
Pouco depois, um responsável iraniano confirmou ao mesmo jornal que a cidade estava a ser atacada, anunciando que a Força Aérea do Irão destacou de imediato os seus caças, já que o ataque terá sido realizado com aviões israelitas.
Programa nuclear, o alvo de Israel
Sem surpresas, o alvo particular de Israel são as instalações de produção nuclear. De acordo com a agência Reuters, que cita responsáveis do exército israelita, "dezenas" de locais foram atacados em todo o Irão. A mesma fonte avançou que o regime iraniano "está a avançar com um programa secreto para construir uma arma nuclear".
"O Irão tem material de fusão suficiente para fazer 15 bombas nucleares em dias", acrescentou a mesma fonte.
Pouco depois, surgia a confirmação desse mesmo cenário.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) confirmaram através da sua conta em inglês que vários caças da Força Aérea completaram "a primeira fase" dos ataques em "dezenas de alvos militares, incluindo alvos nucleares em diferentes áreas do Irão".
"Hoje, o Irão está mais próximo de obter uma arma nuclear. Armas de destruição maciça nas mãos do regime iraniano são uma ameaça existencial ao Estado de Israel e a todo o mundo", pode ler-se no mesmo comunicado, que defende que Israel não teve outra escolha a não ser a realização destes ataques.
𝐓𝐡𝐞 𝐈𝐃𝐅 𝐥𝐚𝐮𝐧𝐜𝐡𝐞𝐝 𝐚 𝐩𝐫𝐞𝐞𝐦𝐩𝐭𝐢𝐯𝐞, 𝐩𝐫𝐞𝐜𝐢𝐬𝐞, 𝐜𝐨𝐦𝐛𝐢𝐧𝐞𝐝 𝐨𝐟𝐟𝐞𝐧𝐬𝐢𝐯𝐞 𝐭𝐨 𝐬𝐭𝐫𝐢𝐤𝐞 𝐈𝐫𝐚𝐧'𝐬 𝐧𝐮𝐜𝐥𝐞𝐚𝐫 𝐩𝐫𝐨𝐠𝐫𝐚𝐦.
Dozens of IAF jets completed the first stage that included strikes on dozens of military targets, including… pic.twitter.com/vtx98P9564
— Israel Defense Forces (@IDF) June 13, 2025
Entre os alvos estão não apenas locais, mas também pessoas. De acordo com a televisão iraniana, a sede da Guarda Revolucionária, uma das forças mais importantes das Forças Armadas do Irão, foi atacada. O comandante supremo destas forças, Hossein Salami, foi confirmado como uma das vítimas mortais.
Em paralelo, e além da morte de Hossein Salami, também dois dos principais cientistas do programa nuclear, Fereydoun Abbasi e Mohammad Mehdi Tehranchi, foram mortos neste mesmo ataque.
Netanyahu admite "dias" de ataques
O primeiro-ministro de Israel fez um discurso logo a seguir ao ataque, anunciando um "momento decisivo" na história de Israel.
Depois de ter estado reunido com o gabinete de segurança, Benjamin Netanyahu confirmou que havia pilotos a atacar "vários alvos no Irão". Um desses alvos é uma das principais instalações de enriquecimento de urânio no Irão, em Natanz, segundo o próprio primeiro-ministro.
"Há momentos, Israel lançou a operação Rising Lion, uma operação militar destinada a atingir a ameaça iraniana para a sobrevivência de Israel", referiu.
Nesta mesma comunicação, o primeiro-ministro israelita referiu que foram atacados cientistas líderes do programa nuclear do Irão que estavam a "trabalhar na bomba iraniana", não ficando claro se os alvos foram mesmo as pessoas.
E depois, confirmando que Israel pode estar a preparar-se para vários dias de ataque, frisou que "esta operação vai continuar por quantos dias for necessária".
Uma operação que, também segundo Benjamin Netanyahu, "atingiu a infraestrutura nuclear, fábricas de mísseis balísticos e as capacidades militares do Irão".
Estados Unidos afastam envolvimento
O secretário de Estado norte-americano anunciou que os Estados Unidos não participaram no ataque conduzido por Israel. Depois de as forças israelitas não terem esclarecido cabalmente o assunto, Marco Rubio declarou que o ataque foi uma "ação unilteral contra o Irão".
"A nossa principal prioridade é proteger as forças americanas na região. Israel avisou-nos que acreditava que esta ação era necessária para legítima defesa", informou o responsável.
"O presidente de Trump e a administração tomaram todos os passos necessários para proteger as nossas forças e mantêm-se em contacto com os parceiros regionais", acrescentou.
Depois, ainda acrescentou: "Deixem-me ser claro: o Irão não deve atacar os interesses dos Estados Unidos ou o seu pessoal", numa clara indicação de que acredita numa retaliação e de que até admite essa mesma retaliação, desde que não tenha alvos norte-americanos pelo meio.
Os Estados Unidos já tinham anunciado que um ataque israelita estava iminente, mas não se pensou que fosse tão rápido. Foi por isso, de resto, que os norte-americanos anunciaram várias movimentações nas suas embaixadas na região, nomeadamente no Iraque.
Este ataque insere-se num contexto em que Irão e Estados Unidos continuam as discussões relativas ao programa nuclear iraniano, com a administração Trump a procurar dissuadir Teerão de procurar alcançar uma arma nuclear.