Rússia admite assumir controlo de grandes cidades ucranianas

Agência Lusa , AG
14 mar 2022, 13:03

Ministério da Defesa diz que foi Vladimir Putin quem ordenou que não fossem lançados ataques rápidos aos grandes centros urbanos

Os militares russos admitem o lançamento de ataques para assumir o controlo total das principais cidades ucranianas, algumas das quais já estão cercadas, advertiu esta segunda-feira o porta-voz da Presidência russa (Kremlin).

“O Ministério da Defesa, embora assegurando a máxima segurança para a população civil, não exclui a possibilidade de assumir o controlo total das grandes cidades, que hoje estão praticamente cercadas”, disse Dmitri Peskov, citado pelas agências russa TASS e francesa AFP.

Peskov disse que o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou até agora ao “Ministério da Defesa que não lançasse um ataque rápido aos grandes centros urbanos, incluindo Kiev”, para evitar pesadas baixas civis.

O porta-voz admitiu que os corredores humanitários serão mantidos, se for necessário.

Segundo a TASS, Peskov disse também que Moscovo considera que os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE) estão a tentar provocar os militares russos para que ataquem as principais cidades ucranianas e sejam responsabilizados “pela morte de civis”.

Acusou, em particular, o conselheiro de segurança dos EUA Jake Sullivan e o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrel, de terem dito recentemente que Putin ordenou um aumento dos ataques e dos alvos por estar frustrado por as tropas “não estarem a avançar como pensava nas grandes cidades”.

“Acreditamos que tal posição é provocatória”, disse Peskov, citado pela TASS.

A agência russa noticiou também que o porta-voz do Kremlin não esclareceu se Putin está satisfeito com o decurso da “operação militar especial”, a designação oficial de Moscovo para a invasão da Ucrânia.

A operação “está a desenvolver-se de acordo com o plano, será concluída a tempo e na íntegra”, disse.

Peskov acrescentou que Moscovo não indicará um prazo para o fim das operações militares na Ucrânia.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, alegando que estava a responder a um pedido de ajuda das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, cuja independência foi reconhecida por Putin.

As razões para a invasão divulgadas por Putin incluem o objetivo de “desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia, mas sem ocupação do país vizinho.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 19.º dia, provocou milhares de mortos e feridos, mas o número preciso está ainda por determinar.

As informações sobre baixas militares e civis indicadas por cada uma das partes carecem de verificação independente.

A ONU contabilizou cerca de 600 civis mortos e mais de mil feridos até ao fim de semana, mas alertou que o número deverá ser substancialmente superior.

Mais de 2,8 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde o início da guerra, naquela que já é considerada a prior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Além dos que fugiram da Ucrânia, a ONU disse que há dois milhões de deslocados internos.

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