Não se sabe quando nem como mas vem mesmo aí um ataque do Irão a Israel

5 ago, 22:00
Iron Dome interceta rockets do Hamas nos céus de Ashkelon (AP)

Já toda a gente avisou e os Estados Unidos estão em prontidão total. Desta vez há um desafio adicional: os ataques não vêm só do este, mas também do norte e do sul

O Irão tem o “direito” de castigar Israel pelo assassínio de Ismail Haniyeh, líder do Hamas morto em solo iraniano num ataque que não foi reivindicado, mas que terá tido mão de Telavive.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão garante que essa resposta é um direito do país, numa altura em que é cada vez mais claro que um ataque vai mesmo acontecer, faltando apenas saber o quando.

Chegou a avançar-se que tal ofensiva aconteceria no fim de semana passado, também se falou que poderia ocorrer só no início da próxima semana, mas as várias movimentações e alertas que chegam de várias direções deixam no ar a ideia de que poderá estar para mais breve do que isso.

Ainda esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria informou o seu homólogo israelita de que o Irão tinha mesmo decidido atacar. Em paralelo a isso há várias companhias aéreas a cancelarem voos de e para o Irão, sendo que o Irão até emitiu um NOTAM, um aviso relativo a problemas no espaço aéreo, além de ter suspendido e adiado vários voos que estavam programados para o aeroporto Imã Khomeini.

Além disso, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, avisou o G7 que o ataque podia começar já esta segunda-feira, confirmando que, ao contrário da retaliação de 13 de abril, o Hezbollah poderá juntar-se na resposta, o que também justifica os vários problemas no aeroporto de Beirute, capital do Líbano.

Pelo sim, pelo não, e apesar de Israel garantir estar preparado, o fim de semana fez-se de corrida aos supermercados. Foi lá que, em muitas cidades, esgotaram as garrafas de água e outros mantimentos.

Preparação para um cenário extremo

A sensação que deu no ataque de 13 de abril é que o Irão respondeu por responder, deixando claro que estava ativo e alerta, mas que não queria verdadeiramente um ataque em larga escala.

Desta vez poderá ser diferente, e é por isso que, segundo a imprensa israelita, as autoridades se preparam para todos os cenários, incluindo os mais extremos, como ataques a infraestruturas civis que podem atingir Haifa, mas também a capital, Telavive.

É a contar com isso que as Forças de Defesa de Israel (IDF) confiam nos melhores sistemas defensivos do mundo, entre os quais estão o Iron Dome, mas também o Magic Wand e os Arrow 2 e 3.

A garantia, diz-se, é que a esmagadora maioria do país, sobretudo as áreas de maior população, está protegida nesse cenário. A Força Aérea israelita também está em prontidão máxima, coordenando respostas múltiplas com a marinha, e contando ainda com um aliado de peso.

A contar com os EUA (outra vez)

Os Estados Unidos destacaram para a região uma série de tropas e aparelhos de combate, nomeadamente navios cruzadores e contratorpedeiros, mas também um esquadrão de caças.

O objetivo é voltar a garantir a defesa de Israel, tal e qual como a 13 de abril, até porque à espera pode estar um ataque mais ambicioso do que os cerca de 300 drones e mísseis lançados nesse dia.

Numa clara mensagem ao Irão, o líder do Comando Central das forças norte-americanas deslocou-se à região para reforçar a coligação. Michael Kurilla conversou com os seus parceiros, ouvindo do ministro da Defesa de Israel que aquele país está a contar com a "liderança dos Estados Unidos para formar uma coligação de aliados e parceiros para defender Israel e a região de ataques aéreos".

O responsável foi recebido pelo chefe do Estado-Maior das IDF, general Herzi Halevi, e o exército israelita informou, em comunicado, que ambos “realizaram uma avaliação conjunta da situação em questões estratégicas de segurança na região, como parte da resposta às ameaças no Médio Oriente”.

“As Forças de Defesa de Israel continuarão a aprofundar a relação com o exército dos Estados Unidos, com o compromisso de reforçar a estabilidade regional e a coordenação entre os exércitos”, acrescenta o comunicado.

O problema, desta vez, é que o ataque pode ser mais concertado e mais agressivo. Não será apenas do Irão, a este de Israel, que os mísseis vão sair. A norte o Hezbollah está mais do que sedento para vingar a morte de um dos seus mais altos comandantes, Fuad Shukr, enquanto os rebeldes Houthis do Iémen devem fazer o mesmo a partir do sul depois dos ataques ao porto de Hodeidah.

"Quando receberem uma resposta forte vão perceber que calcularam mal", afirmou o comandante das Guardas Revolucionárias do Irão, ainda em palavras referentes à morte de Ismail Haniyeh.

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