Esta semana ao sábado, porque domingo há eleições autárquicas, Paulo Portas olha para o mundo no "Global"
Paulo Portas recorda que já tinha dito anteriormente que o plano gizado por Donald Trump era o primeiro "que tinha pés e cabeça, que não se limitava a um cessar-fogo, tinha uma perspetiva para o dia seguinte, em que todos tinham que ceder um pouco para haver um compromisso". Este é o momento em que o plano começa a ser concretizado. "Vai acontecer a primeira fase, não isenta de dificuldades, mas que era a mais simples", diz, no "Global", o seu espaço semanal de comentário no Jornal Nacional da TVI.
Esta é "a fase de respiração de quem esteve em guerra durante este tempo", a fase de libertação de reféns, recuperação dos corpos e troca de prisioneiros, e também do primeiro recuo das forças israelitas em Gaza. Para a população de Gaza é tempo de "regresso a casa". Para a população de Israel "este é um momento de epílogo daquilo que aconteceu no 7 de outubro".
"Vamos ver, nos próximos dias, se tudo se confirma e consuma", avisa Paulo Portas.
"A segunda fase é muito mais complexa porque implica o desarmamento do Hamas, a instalação de um governo, e cito, tecnocrático e apolítico e a entrada em vigor de uma força de estabilização internacional", explica Paulo Portas. Pretende-se atingir um estado de pacificação que permita "chegar a um estado palestiniano, sem o qual eu acho que este tema não se resolve".
"Como é que se consegue um território coerente que satisfaça ambas as partes?", essa é a pergunta que todos fazemos e que, historicamente, sempre impediu que a solução dos dois estados.
Mas Paulo Portas quuer sublinhar que "todos estes dias provaram que os países arabes moderados foram essenciais para chegar a este acordo", nomeadamente o Egito, onde na segunda-feira se reunirão os representantes de vários países para debater o processo de paz na região.
Do Nobel da Paz à crise política em França
María Corina Machado, a opositora venezuelana que acabou de gahar o Prémio Nobel da Paz, "é uma resistente", diz Paulo Portas. "Não é uma política de origem, mas tornou-se uma política muito corajosa". Este foi "um Nobel mais político", mas o comentador acredita que foi merecido.
Portas recorda que "a Venezuela perdeu 7 milhões de pessoas, que fugiram do pais". Fugiram "todos as que são mais novos, os empreendedores, os que percebem que aquilo não tem destino como está".
Já sobre Emmanuel Macron, o presidente francês, Paulo Portas diz que "é inteligente, mas com pouca inteligência política" e "cometeu muitos erros", pois "vai para o oitavo primeiro-ministro".
França é "um pais muito difícil de governar" e que vive em "instabilidade sistémica", uma vez que são mais de dez os partidos representados no parlamento.
Para conseguir mais estabilidade, Macron terá que fazer algumas cedências. "Algo que me diz que a única reforma significativa que Macron conseguiu fazer - que foi o aumento da idade da reforma - algo me diz que ela cairá", antecipa. E isto irá "aumentar os problemas orçamentais de França".