Israel acusa ainda o secretário-geral da ONU de não ter condenado o ataque do Irão
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, disse esta quarta-feira que impediu o secretário-geral da ONU, António Guterres, de entrar no país por este ter cometido o erro de não "condenar inequivocamente" o ataque maciço de mísseis do Irão contra Israel, informa a agência Reuters.
“Qualquer pessoa que não condene inequivocamente o ataque hediondo do Irão a Israel não merece pisar em solo israelita”, disse Katz em comunicado. “Este é um secretário-geral anti-Israel que dá apoio a terroristas, violadores e assassinos.”
O MNE israelita explicou que a decisão de considerar o português António Guterres "persona non grata" é uma reação à resposta de Guterres após o ataque com mísseis do Irãi na noite passada, "na qual ele não mencionou o Irão pelo nome e não condenou inequivocamente sua grave agressão". As políticas de Israel Guterres durante a guerra "deram apoio a terroristas, violadores e assassinos do Hamas, Hezbollah e Houthis, e agora à nave-mãe do terror global, o Irão".
O secretário-geral das Nações Unidas condenou os ataques realizados na terça-feira, falando em "escalada após escalada" no Médio Oriente, sem distinguir os ataques de Israel dos do Líbano ou do Irão. "Isto tem de parar. Precisamos absolutamente de um cessar-fogo", apelou.
I condemn the broadening of the Middle East conflict with escalation after escalation.
This must stop.
We absolutely need a ceasefire.
— António Guterres (@antonioguterres) October 1, 2024
Guterres tem acompanhado com preocupação a evolução dos acontecimentos no Médio Oriente desde o ataque terrorista do Hamas a 7 de outubro de 2023, apelando várias vezes aos países envolvidos para evitarem uma escalada no conflito e criticando a atuação de Israel em relação à população de Gaza.
Em março, revalidou o apelo a Israel para um cessar-fogo imediato que possibilitasse o acesso de ajuda humanitária sem impedimentos à Faixa de Gaza e à população palestiniana, assim como a libertação dos restantes reféns raptados pelo Hamas.
O secretário-geral das Nações Unidas criticou a maneira como Telavive estava a levar a cabo a intervenção militar no enclave palestiniano: “Nada justifica a punição coletiva da população palestiniana”, disse. “Mais de um milhão de pessoas estão a sofrer, a fome é catastrófica de acordo com uma quantificação científica recentemente divulgada”, acrescentou.
Em junho passado, António Guterres decidiu incluir Israel numa “lista negra” de países e entidades acusados de cometer crimes contra crianças em zonas de conflito, o que provocou reações exaltadas por partes de Israel. O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros não demorou a reagir, através de uma publicação na rede social X, na qual qualificou esta decisão como "um ato vil" por parte da ONU. E deixou um alerta: "Este passo terá consequências nas relações de Israel com a ONU", ameaçou.
Mais tarde, numa reação também na rede social X, o primeiro-ministro israelita frisou que o seu exército é “o mais moral do mundo”, classificando como “delirante” a decisão das ONU de as colocar na “lista negra” sobre direitos das crianças em conflitos. "A ONU colocou-se hoje na lista negra da história quando se juntou aos apoiantes dos assassinos do Hamas. As IDF são o exército mais moral do mundo e nenhuma decisão delirante da ONU mudará isso", escreveu na mesma publicação.
The UN put itself today on history's black list when it adopted the absurd claims of Hamas. The IDF is the most moral military in the world and no "flat earth" decision by the UN secretary general can change that.
— Benjamin Netanyahu - בנימין נתניהו (@netanyahu) June 7, 2024