Israel impede Guterres de entrar no país: "Ele apoia terroristas, violadores e assassinos"

CNN Portugal , MJC
2 out, 11:46
António Guterres discursa na 79.ª Assembleia-Geral da ONU (Justin Lane/Lu)sa

Israel acusa ainda o secretário-geral da ONU de não ter condenado o ataque do Irão

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, disse esta quarta-feira que impediu o secretário-geral da ONU, António Guterres, de entrar no país por este ter cometido o erro de não "condenar inequivocamente" o ataque maciço de mísseis do Irão contra Israel, informa a agência Reuters.

“Qualquer pessoa que não condene inequivocamente o ataque hediondo do Irão a Israel não merece pisar em solo israelita”, disse Katz em comunicado. “Este é um secretário-geral anti-Israel que dá apoio a terroristas, violadores e assassinos.”

O MNE israelita explicou que a decisão de considerar o português António Guterres "persona non grata" é uma reação à resposta de Guterres após o ataque com mísseis do Irãi na noite passada, "na qual ele não mencionou o Irão pelo nome e não condenou inequivocamente sua grave agressão". As políticas de Israel Guterres durante a guerra "deram apoio a terroristas, violadores e assassinos do Hamas, Hezbollah e Houthis, e agora à nave-mãe do terror global, o Irão". 

O secretário-geral das Nações Unidas condenou os ataques realizados na terça-feira, falando em "escalada após escalada" no Médio Oriente, sem distinguir os ataques de Israel dos do Líbano ou do Irão. "Isto tem de parar. Precisamos absolutamente de um cessar-fogo", apelou.

Guterres tem acompanhado com preocupação a evolução dos acontecimentos no Médio Oriente desde o ataque terrorista do Hamas a 7 de outubro de 2023, apelando várias vezes aos países envolvidos para evitarem uma escalada no conflito e criticando a atuação de Israel em relação à população de Gaza.

Em março, revalidou o apelo a Israel para um cessar-fogo imediato que possibilitasse o acesso de ajuda humanitária sem impedimentos à Faixa de Gaza e à população palestiniana, assim como a libertação dos restantes reféns raptados pelo Hamas.

O secretário-geral das Nações Unidas criticou a maneira como Telavive estava a levar a cabo a intervenção militar no enclave palestiniano: “Nada justifica a punição coletiva da população palestiniana”, disse. “Mais de um milhão de pessoas estão a sofrer, a fome é catastrófica de acordo com uma quantificação científica recentemente divulgada”, acrescentou.

Em junho passado, António Guterres decidiu incluir Israel numa “lista negra” de países e entidades acusados de cometer crimes contra crianças em zonas de conflito, o que provocou reações exaltadas por partes de Israel. O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros não demorou a reagir, através de uma publicação na rede social X, na qual qualificou esta decisão como "um ato vil" por parte da ONU. E deixou um alerta: "Este passo terá consequências nas relações de Israel com a ONU", ameaçou.

Mais tarde, numa reação também na rede social X, o primeiro-ministro israelita frisou que o seu exército é “o mais moral do mundo”, classificando como “delirante” a decisão das ONU de as colocar na “lista negra” sobre direitos das crianças em conflitos. "A ONU colocou-se hoje na lista negra da história quando se juntou aos apoiantes dos assassinos do Hamas. As IDF são o exército mais moral do mundo e nenhuma decisão delirante da ONU mudará isso", escreveu na mesma publicação.

 

 

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