Irão poderá atacar Israel em breve. E não estará sozinho a lançar uma "chuva" de mísseis, rockets e drones

CNN Portugal , MJC
2 ago, 22:00

Será um ataque muito semelhante ao que o Irão lançou a 13 de abril, mas com uma escala muito maior, avisam os especialistas militares. Mas Israel estará preparado para se defender

Depois do assassínio de Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político do Hamas, em Teerão, o líder supremo do Irão, o aiatola Ali Khamenei, emitiu uma ordem para atingir Israel diretamente. Essa é uma ameaça que "é verdadeiramente para levar a sério", considera o major-general Agostinho Costa. E que deverá acontecer já este fim de semana. Fontes do Departamento de Defesa dos EUA disseram na quinta-feira à CNN que o Irão e os seus aliados estão a preparar-se para lançar um ataque em larga escala contra as forças "israelitas" nas próximas 72 horas - ou seja este sábado.

Surgiram, entretanto, novas informações que apontam que o ataque pode acontecer antes no outro fim de semana, entre 12 e 13 de agosto, quando se comemora o Tishá BeAv, um feriado judaico que marca a destruição do Templo de Salomão.

"O Irão já informou o Conselho de Segurança da ONU e o ministro do Negócios Estrangeiros e alertou os representantes da Arábia Saudita e do Catar", lembra Agostinho Costa.

Irão vai atar sozinho ou com os seus aliados?

"A dúvida é se vai ser só o Irão ou também o Hezbollah, a resistência iraquiana e outras forças aliadas", afirma Agosotinho Costa.

Esta segunda hipótese é a defendida pelo major-general Isidro de Morais Pereira. "Quer o Irão quer os proxis do Irão, todos eles têm razões para retaliar contra Israel e já disseram que estão prontos para a vingança sangrenta, portanto, vão todos colaborar", diz.

Israel não assumiu a responsabilidade pelo ataque em Teerão, mas este ocorreu algumas horas depois de as Forças de Defesa de Israel terem reivindicado o assassínio de um alto comandante militar do Hezbollah em Beirute. Israel justificou o ataque dizendo que foi uma resposta ao ataque aos Montes Golã, no fim de semana passado, que matou 12 crianças. Por isso, há vários países que, de facto, têm motivos para querer atacar Israel.

"O Irão tem capacidade para fazer um ataque concertado porque todas estas milícias - Hezbollah, milícias da Síria e do Iraque, o Hamas, os Houthis - são apoiados quer financeiramente quer com armamento pelo Irão, portanto, o Irão controla estes movimentos e pode planear uma ação concertada, que pode ser simultânea pode ir-se desencandeando", explica Isidro de Morais Pereira. De todos estes movimentos, diz, o que tem mais poder é o Hezbollah, "pela sua dimensão em termos do número de combatentes e também pela suas capacidades militares, que foram acumulados ao longos dos anos".

"O Irão aprendeu com o ataque de abril e por isso é que deveremos ver, muito provavelmente, um ataque vindo de várias direção e não apenas do Irão. Virá do norte, com a Síria, o Iraque e o Líbano, e do sul, onde estão os Houthis", sublinha.

Como vai ser o ataque?

"Ninguém aponta muito para uma invasão terrestre. Só o Hezbollah é que teria capacidade de o fazer, no norte de Israel, mas não é provável", considera o especialista militar. "O Irão encontra-se a uma distância grande de Israel, mais de 1.600, 1.700 quilómetros, tem pelo meio o Iraque, a Síria e também a Jordânia", por isso o mais provável é que sejam utilizados "fundamentalmente drones, mísseis e rockets na tentativa de saturar as defesas de Israel e atingir determinados alvos", explica.

Irá ser, antecipam os majores-generais Agostinho Costa e Isidro de Morais uma Pereira, uma ação muito semelhante à que o Irão efetuou a 13 de abril, mas ainda com maior intensidade. Nesse dia, o Irão "lançou uma chuva de projéteis sobre Israel", recorda Agostinho Costa. "Foi um ataque perpetrado de forma inteligente, primeiro foi uma leva de mísseis antigos, mísseis balísticos, que são mais fáceis de detetar, destinados a saturar o sistema de defesa aéreo" de Israel. Depois vieram os mísses de cruzeiro e os drones. 

"No inventário iraniano o que é que faz a diferença? Não é a força aérea, o Irão que ainda tem aviões F14, muito desatualizados, não consegue competir com Israel que tem uma capacidade de força aérea imensa", sublinha Agostinho Costa. O Irão desenvolveu misseis de longo alcance, com capacidade para voar mais de mil quilometros, tem mísseis supersónicos e tem drones de última geração", essas são as suas armas privilegiadas. 

Isidro de Morais Pereira lembra que "também pode haver outro tipo de ações contra instalações israelitas espalhadas pelo mundo, como as suas embaixadas - é algo para que Israel também está preparado".

Como é que Israel se pode defender?

Para se defender, Israel conta com o famoso "Iron Dome" e também com a "Funda de David" e o "Arrow 3", três sistemas de defesa antiaérea. 

E conta também com os seus aliados, com os Estados Unidos e o Reino Unido à cabeça. Os EUA têm bases militares espalhadas pelo Médio Oriente (Turquia, Síria, Kuwait, Catar, Jordânia, Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Ábes Unidos) e tem embarcações no Mar Mediterrâneo e no Mar Vermelho e ainda um porta-aviões no Golfo Pérsico. Além disso, estão neste momento a caminho um conjunto de navios (que têm misseis e drones) de guerra americanos e britânicos para a zona.

Além dos EUA e do Reino Unido, Israel conta com o apoio da Jordânia e da Arábia Saudita. "Israel já avisou que está preparado para a guerra total, mas estes países estão interessados em que o conflito não escale", diz Isidro de Morais Pereira. 

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