Grupo diz que o ataque foi "uma retaliação pelos massacres e deslocações forçadas perpetrados por Israel"
Ouviu-se uma explosão e depois nada: as sirenes não tocaram. O braço armado do Hamas, as brigadas al-Qassam, disparou dois rockets M-90 a partir da Faixa de Gaza contra Telavive e os subúrbios da cidade esta terça-feira. O ataque acontece numa altura em que Israel aguarda a retaliação iraniana à morte do líder político do Hamas.
Um dos rockets caiu no mar em Telavive e o outro, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), não chegou a atravessar o território israelita. Nenhum deles atingiu, portanto, o coração de uma das maiores cidades de Israel.
“Ouvimos uma explosão que não nos parecia ser nada de importante, porque nem as sirenes tinham tocado, mas depois obtivemos a confirmação que foi um rocket disparado pelo Hamas a partir da Faixa de Gaza em direção aqui a Telavive”, relata o enviado-especial da CNN Portugal a Israel, Sérgio Furtado, explicando que o incidente fez “um estrondo” ecoar pela cidade.
A equipa de reportagem, composta também pelo jornalista Lucénio Carvalho, encontrava-se precisamente junto à praia onde caiu um dos rockets. “Há muita gente a aproveitar os dias de verão e o interessante também de tudo isto é que não houve sirenes, não houve alerta de ataque por parte das autoridades israelitas”, conta.
Apesar do “estrondo” ouvido, a falta do som das sirenes logo depois não motivou a população a refugiar-se nos abrigos. “A população vai regressando ao normal, vai regressando às suas vidas, como acontecia quando havia ataques, como, por exemplo, dezenas de rockets, assim que passava o perigo e assim que havia a indicação de que não há mais rockets no ar, a população seguia as suas vidas e continuava nos seus afazeres”, explica.
O ataque, que foi anunciado pelos militares israelitas, já foi reivindicado pelo Hamas. É, garante o grupo num comunicado, citado pela Al Jazeera, "uma retaliação pelos massacres e deslocações forçadas perpetrados por Israel".
Não há até ao momento registo de vítimas na sequência do ataque, mas, como explica o repórter Sérgio Furtado, “não deixa de ser uma nota interessante”. Tudo porque Telavive “já há muito que não era atingida por rockets” – “desde que as operações na Faixa de Gaza começaram”. A partir desse momento, o número de disparos tem vindo a diminuir.
O ataque do braço armado do Hamas surge no mesmo dia em que Israel enviou uma importante mensagem ao Irão, enquanto espera uma retaliação iminente. “Essa mensagem diz que, em caso de um ataque diretamente por parte do Irão ao território israelita, Israel vai contra-atacar também diretamente sobre o Irão, sobre o território iraniano”, avança o correspondente da CNN Portugal em Israel, Henry Galsky.
Se o Irão decidir atacar alvos civis ou se houver vítimas civis, tudo muda e Israel promete responder com maior potência. A "mudança na posição de Israel” ativa ainda mais o "temor para a comunidade internacional”, que receia uma “escalada da violência” no Médio Oriente.
O Irão prometeu atacar Israel, como forma de retaliação à morte do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão. O incidente não foi reivindicado por Israel, mas o Irão tem vindo a prometer uma resposta. A ele prometem juntar-se os seus proxys, como o Hamas e o Hezbollah. Os aliados europeus emitiram na segunda-feira uma declaração conjunta, na qual voltaram a apelar a um cessar-fogo urgente no Médio Oriente - “Sublinhámos que não há mais tempo a perder. Todas as partes devem cumprir as suas responsabilidades”, disseram.