opinião
Psicóloga - especialista em Psicologia Clínica e da Saúde

Guerra(s) – Impacto das Imagens Violentas

15 nov, 10:29

As imagens violentas da(s) guerra(s) – a que continuamos a assistir - podem ter grande impacto. A Guerra afeta-nos a todos.

Queremos (e devemos) saber o que acontece no mundo e os meios de comunicação trazem-nos informação de extrema importância. No entanto, a exposição prolongada (frequente) a imagens violentas pode provocar sofrimento, medo, tristeza, raiva, insegurança, ansiedade, stress, uma “sensação de impotência”, frustração ou desesperança. Mas por outro lado, esta repetição pode também provocar exaustão e uma dessensibilização face ao “horror da violência” e por consequência, até a uma falta de “compaixão pelos direitos humanos”. Porque se primeiramente nos sentimos chocados, esta permanência das imagens e de crimes violentos, pode provocar “uma diminuição ou ausência daquele sentir”.

As crianças, são ainda mais vulneráveis a estas imagens de guerra. Muita atenção às imagens que estão a passar na televisão à hora do jantar, as crianças “mesmo distraídas” estão a ver. E esta exposição, pode provocar mudanças comportamentais, confusão, medo, ansiedade, alterações do sono, pesadelos e em alguns casos - uma normalização da violência.

É muito importante que pais e educadores, protejam as crianças deste tipo de violência.

Não! As crianças não precisam ver imagens da guerra, para estarem esclarecidas. Cabe à família e também à comunidade encontrar formas menos violentas de explicar às crianças e aos jovens, que existem guerras - pois a partir de determinadas idades, “não se pode, nem se deve” fugir ao tema. A melhor forma de conversar é “começar por ouvir o que já sabem” e a partir daí “selecionando” a informação e adaptando a linguagem, podemos falar sobre a Guerra e aproveitar para conversar e valorizar a Paz.

Optar por programas mais adequados e formas alternativas de obter informação para os mais jovens, estar presente quando se encontram a ler notícias ou a ver televisão, desta forma, consegue-se monitorizar a informação recebida e intervir quando necessário, manter sempre um espaço aberto e seguro para perguntas, limitar o tempo de ecrã, perceber junto de outros pais como estão a ser recebidas estas notícias pelos filhos e quais os meios a que têm acesso e promover atividades alternativas, que promovam o bem-estar e a saúde psicológica – pode minimizar o impacto negativo desta realidade “Guerra(s)”.

Para bem da Saúde Mental de todos, independentemente, da idade ou fase da vida, é essencial ter alguns cuidados: como selecionar criteriosamente as fontes de informação e escolher meios menos sensacionalistas; procurar um período do dia em que “atualize” a informação sobre este assunto – e apenas essa vez; tentar equilibrar a informação negativa que recebe sobre a guerra e as vítimas, com noticias mais positivas “sobre o mundo e as pessoas”; desligar a televisão (desconexão ocasional) e manter-se atento (consciente) – perceber qual o embate que estas imagens têm sobre si - partilhe os seus sentimentos e fale com a sua rede de suporte.

Reconhecer os efeitos que podem resultar de uma exposição prolongada a este tipo de imagens violentas, permite minimizar o seu impacto e as suas consequências - em nós e nos nossos.

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