Rússia diz não ter “qualquer intenção de atacar” a Ucrânia mas não responde ao pedido de "desescalada" feito pelos Estados Unidos

Agência Lusa , BCE
10 jan 2022, 20:26
Sergei Ryabkov (AP)

Moscovo garante ainda que não há "qualquer razão para recear uma escala da situação" na fronteira com o país vizinho, mas pede aos Estados Unidos que não o subestime

Negociadores da Rússia e dos Estados Unidos abordaram, esta segunda-feira, em Genebra a situação na Ucrânia, com Moscovo a assegurar não ter “qualquer intenção de atacar” o país vizinho e Washington a reiterar advertências sobre uma eventual invasão. 

“Explicámos aos colegas [norte-americanos] que não temos planos, não temos a intenção de atacar, entre aspas, a Ucrânia”, disse no final do encontro o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Riabkov.

O negociador russo assegurou ainda não existir “qualquer razão para recear uma escalada da situação nesse plano”. 

Mas Riabkov também indicou que Washington não deve “subestimar” o risco de um confronto, e assegurou que os norte-americanos “levam muito a sério” os avisos emitidos por Moscovo, em particular sobre as consequências de um eventual alargamento da NATO em direção a leste. 

Rússia não respondeu ao pedido dos Estados Unidos para "desescalada"

Já a vice-secretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman, presente nas discussões, indicou por sua vez que a Rússia não forneceu resposta ao pedido dos EUA de “desescalada” na fronteira ucraniana.

Em declarações por telefone aos jornalistas, Sherman considerou ainda que esta medida pode ser tomada pela Rússia “reenviando para os seus quartéis os soldados concentrados nas últimas semanas na fronteira” com a Ucrânia, onde os Estados Unidos calculam estarem atualmente perto de 100 mil militares russos. 

Ao ser questionada sobre uma eventual reação do interlocutor desta segunda-feira, o seu homólogo russo Serguei Riabkov, a responsável do Departamento de Estado respondeu: “Não penso que conheçamos a resposta a isso”. 

Apesar das declarações de Riabkov sobre a ausência de intenção de invadir a Ucrânia, Sherman referiu que qualquer ação militar significará “custos significativos”, descritos como “enormes”, que os ocidentais infligirão à Rússia. 

Sublinhou ainda não ter a intenção de negociar o dossier ucraniano sem associar Kiev, nem abordar em detalhe a arquitetura da segurança na Europa sem os europeus.

Sherman também assinalou que a política de “portas abertas” da NATO vai prosseguir, apesar de manifestar disposição em manter para breve o diálogo com a Rússia, incluindo sobre o controlo recíproco de armamento e as manobras militares na Europa, outro dos temas abordados no encontro de Genebra. 

A escalada militar russa na fronteira com a Ucrânia será discutida novamente esta semana em reunião da Rússia com a Aliança Atlântica em Bruxelas na quarta-feira e na reunião do Conselho Permanente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, na quinta-feira.

Os ocidentais antecipam uma possível invasão russa do território ucraniano, como a de 2014 que culminou na anexação da península da Crimeia. 

A Rússia reclama um compromisso da NATO de não integrar a Ucrânia na aliança militar, o que Blinken assinalou não estar em cima da mesa.

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