Como o avião não tem cauda, o que lhe confere instabilidade a nível aerodinâmico, só consegue voar “devido à ação de dezenas de computadores com centenas de ações por segundo”
Nos bombardeiros B-2, que os Estados Unidos da América usaram no ataque feito ao Irão, o ser humano nada seria sem a tecnologia. “É impossível este avião ser pilotado manualmente por um humano”, explica José Correia Guedes, antigo piloto.
Ainda assim, os humanos não estão fora da equação nesta “asa voadora”. Há dois pilotos ao serviço, que “são fundamentais para programar a viagem, a rota, a gestão dos motores e dos combustíveis - e também o lançamento das bombas”, diz o especialista.
Como o avião não tem cauda, o que lhe confere instabilidade a nível aerodinâmico, só consegue voar “devido à ação de dezenas de computadores com centenas de ações por segundo”. “Só com recurso à eletrónica e à informática é que o podemos fazer voar. Sem eles seria impossível”, explica o antigo piloto.
“Não há possibilidade de o piloto voar manualmente. Se o sistema avariar, o piloto ejeta-se. Ninguém teria a capacidade de reação suficiente para fazer as correções necessárias em tempo útil”, conclui.
O bombardeiro está avaliado em dois mil milhões de dólares e conta com quatro sistemas “FBW Fly by Wire”. É preciso que falhem todos para que os pilotos tomem a derradeira decisão: ejetar-se.
Os B-2 começaram a ser produzidos em 1987 e terão sido inspirados numa ave chamada falcão peregrino.
Segundo José Correia Guedes, a forma do B-2 permite-lhe ser “furtivo, ou seja, não é detetável pelos radares”. “As formas angulosas nas pontas das asas e os materiais com que é construído... tudo é pensado para defletir as ondas de radar. Em vez de regressarem à origem, passam para outro lado qualquer.”
Alem disso, permitem missões extremamente longas aos pilotos no cockpit, como esta no Irão, que durou 36 horas.
No ataque dos EUA ao Irão foram utilizados seis destes bombardeiros.